Comentários para quê? Aos 83 anos cumpridos recentemente, Fidel mostra-se ao mundo com toda a sua lucidez e capacidades intelectuais a que sempre nos habituou, para desgosto de todos os seus detractores.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
TE QUEREMOS FIDEL
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
NOVA PIDE
De acordo com o jornal Correio da Manhã de hoje, “os serviços secretos estão a celebrar protocolos com os organismos públicos com vista à colocação de agentes do Serviço de Informações da República (SIS) e do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) com identidade codificada em instituições do Estado”.
Como se já não bastassem as escutas telefónicas, as câmaras de vigilância, a devassa de e-mails, os “chipes” nos automóveis, o controle da via verde e do multibanco, agora o governo socratino também quer recuperar a polícia política com outra roupagem e nome, mas com o mesmo objectivo que levou Salazar a criar a PVDE, mais tarde PIDE e que Marcelo Caetano substituiu por DGS.
Estão em causa as liberdades que a Constituição define e espera-se que desta vez o Presidente da República tenha opinião, embora nada nos garanta que de forma encapotada a intenção deste pulha que nos (des) governa não vá por diante.
Não há dúvida: eles andam aí e estão mais activos do que se julga.
Como se já não bastassem as escutas telefónicas, as câmaras de vigilância, a devassa de e-mails, os “chipes” nos automóveis, o controle da via verde e do multibanco, agora o governo socratino também quer recuperar a polícia política com outra roupagem e nome, mas com o mesmo objectivo que levou Salazar a criar a PVDE, mais tarde PIDE e que Marcelo Caetano substituiu por DGS.
Estão em causa as liberdades que a Constituição define e espera-se que desta vez o Presidente da República tenha opinião, embora nada nos garanta que de forma encapotada a intenção deste pulha que nos (des) governa não vá por diante.
Não há dúvida: eles andam aí e estão mais activos do que se julga.
(Celino Cunha Vieira)
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
PARA DESANUVIAR
Não sabemos do que riem, porque o futuro deles está muito duvidoso.
Mas não há nada como umas boas e ingénuas gargalhadas para nos alegrar o espírito nestes tempos tão conturbados.
domingo, 16 de agosto de 2009
UMA CAUSA JUSTA PARA DEFENDER
Durante as últimas semanas, o actual Presidente dos Estados Unidos da América tem-se empenhado em demonstrar que a crise vai cedendo, fruto dos seus esforços para encarar o grave problema que os Estados Unidos e o mundo herdaram do seu antecessor.
Quase todos os economistas fazem referência à crise económica que se iniciou em Outubro de 1929. A anterior havia sido nos fins do Século XIX. A tendência bastante generalizada nos políticos norte-americanos é a de acreditar que logo que os bancos disponham de suficientes dólares para fazer andar a maquinaria do aparelho produtivo, tudo marchará para um idílico e jamais sonhado mundo.
As diferenças entre a chamada crise económica dos anos 30 e a actual são muitas, porém, limitar-me-ei apenas a uma das mais importantes.
Desde os fins da Primeira Guerra Mundial o dólar, baseado no padrão ouro, substituiu a libra esterlina inglesa devido às imensas somas de ouro que a Grã-Bretanha gastou na guerra. A grande crise económica produziu-se nos Estados Unidos da América apenas 12 anos depois daquela guerra.
Franklin D. Roosevelt, do Partido Democrata, venceu, em boa medida, ajudado pela crise, como Obama na crise actual. Continuando a teoria de Keynes, aquele injectou dinheiro na circulação, construiu obras públicas como estradas, barragens e outras de inquestionável benefício, o que incrementou a despesa, a demanda de produtos, o emprego, e o PIB durante anos, mas não teve os fundos imprimindo notas. Obtinha-as com impostos e com parte do dinheiro depositado nos bancos. Vendia Títulos dos Estados Unidos da América com juro garantido, que os faziam atractivos para os compradores.
O ouro, cujo preço em 1929 estava a 20 dólares a onça troy, Roosevelt elevou-o a 35 como garantia interna das notas dos Estados Unidos da América.
Sobre a base dessa garantia em ouro físico, surgiu o Acordo de Bretton Woods em Julho de 1944, que outorgou ao poderoso país o privilégio de imprimir divisas convertíveis quando o resto do mundo estava arruinado. Os Estados Unidos possuíam mais de 80% do ouro do mundo.
Não necessito recordar o que veio depois, desde as bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki - que acaba de completar 64 anos do genocídio - até ao golpe de Estado nas Honduras e as sete bases militares que o governo dos Estados Unidos se propõe instalar na Colômbia. O real é que em 1971, sob a administração de Nixon, o padrão ouro foi suprimido e a impressão ilimitada de dólares tornou-se a maior vigarice da humanidade. Em virtude do privilégio de Bretton Woods, os Estados Unidos da América, ao eliminar unilateralmente a convertibilidade, paga com papéis os bens e serviços que adquire no mundo. É certo que por dólares também oferece bens e serviços, mas também acontece que a partir da supressão do padrão ouro, a nota desse país, que era cotizado a 35 dólares a onça troy, tem perdido quase 30 vezes o seu valor e 48 vezes o que tinha em 1929. O resto do mundo tem sofrido as perdas, os seus recursos naturais e o seu dinheiro tem custeado o rearmamento e financiado em grande parte as guerras do império. Basta assinalar que a quantidade de Títulos fornecidos a outros países, conforme cálculos conservadores, ultrapassa a cifra de 3 milhões de milhões de dólares, e a dívida pública, que continua a crescer, ultrapassa a cifra de 11 milhões de milhões.
O império e os seus aliados capitalistas, ao mesmo tempo que concorrem entre eles, fizeram com que se acreditasse que as medidas anti-crise constituem as fórmulas salvadoras. Porém a Europa, a Rússia, o Japão, a Coreia, a China e a Índia não arrecadam fundos vendendo Títulos do Tesouro nem imprimindo notas, senão aplicando outras fórmulas para defenderem as suas moedas e os seus mercados, às vezes com grande austeridade da sua população. A imensa maioria dos países em desenvolvimento da Ásia, da África e da América Latina é quem paga as consequências, fornecendo os recursos naturais não renováveis, o suor e as vidas.
O TLCAN é o mais claro exemplo do que pode acontecer com um país em desenvolvimento na boca do lobo: nem soluções para os imigrantes nos Estados Unidos, nem licença para viajar sem visto ao Canadá pôde obter o México na última Cimeira.
Adquire, contudo, plena vigência sob a crise o maior TLC a nível mundial: a Organização Mundial do Comércio, que cresceu sob as ideias triunfantes do neoliberalismo, em pleno auge das finanças mundiais e os sonhos idílicos.
Por outro lado, a BBC Mundo informou ontem, 11 de Agosto, que mil funcionários das Nações Unidas, reunidos em Bonn, Alemanha, declararam que procuram o caminho para um acordo sobre a mudança climática em Dezembro deste ano, mas que o tempo estava acabando.
Ivo de Boer, o funcionário de maior hierarquia das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, disse que apenas restavam 119 dias para a Cimeira e temos “uma enorme quantidade de interesses divergentes, escasso tempo de discussão, um documento complicado sobre a mesa (duzentas páginas) e problemas de financiamento…”
“As nações em desenvolvimento insistem em que a maior parte dos gases que produzem o efeito de estufa são procedentes do mundo industrializado.”
O mundo em desenvolvimento alega a necessidade de ajuda financeira para lidar com os efeitos climáticos.
Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, declarou que: “Se não são tomadas medidas urgentes para combater as mudanças climáticas podem levar à violência e a distúrbios maciços em todo o planeta.”
“A mudança climática intensificará as secas, as enchentes e outros desastres naturais.”
“A escassez de água afectará centenas de milhões de pessoas. A nutrição deficiente arrasará grande parte dos países em desenvolvimento.”
Num artigo do The New York Times no passado 9 de Agosto explicava-se que: “Os analistas vêem na mudança climática uma ameaça para a segurança nacional.”
“Semelhantes crises – continua o artigo – provocadas pelo clima poderiam derrubar governos, estimular movimentos terroristas ou instabilizar regiões completas, afirmam analistas do Pentágono e de agências de inteligência que pela primeira vez estão a estudar as implicações da mudança climática na segurança nacional.”
“‘Torna-se complicado muito rapidamente’, disse Amanda J. Dory, Secretária de Defesa Adjunta para a Estratégia, que trabalha com um grupo do Pentágono designado para incorporar a mudança climática no planeamento da estratégia nacional de segurança.”
Do artigo de The New York Times deduz-se que ainda no Senado nem todos estão convencidos de que se trata de um problema real, ignorado totalmente até agora pelo governo dos Estados Unidos da América desde que foi aprovado há 10 anos em Kyoto.
Alguns falam de que a crise económica é o fim do imperialismo; talvez haja necessidade de analisar se isso não significa uma questão pior para a nossa espécie.
Sou de opinião que sempre será melhor ter uma causa justa para defender e a esperança de continuar para a frente.
Quase todos os economistas fazem referência à crise económica que se iniciou em Outubro de 1929. A anterior havia sido nos fins do Século XIX. A tendência bastante generalizada nos políticos norte-americanos é a de acreditar que logo que os bancos disponham de suficientes dólares para fazer andar a maquinaria do aparelho produtivo, tudo marchará para um idílico e jamais sonhado mundo.
As diferenças entre a chamada crise económica dos anos 30 e a actual são muitas, porém, limitar-me-ei apenas a uma das mais importantes.
Desde os fins da Primeira Guerra Mundial o dólar, baseado no padrão ouro, substituiu a libra esterlina inglesa devido às imensas somas de ouro que a Grã-Bretanha gastou na guerra. A grande crise económica produziu-se nos Estados Unidos da América apenas 12 anos depois daquela guerra.
Franklin D. Roosevelt, do Partido Democrata, venceu, em boa medida, ajudado pela crise, como Obama na crise actual. Continuando a teoria de Keynes, aquele injectou dinheiro na circulação, construiu obras públicas como estradas, barragens e outras de inquestionável benefício, o que incrementou a despesa, a demanda de produtos, o emprego, e o PIB durante anos, mas não teve os fundos imprimindo notas. Obtinha-as com impostos e com parte do dinheiro depositado nos bancos. Vendia Títulos dos Estados Unidos da América com juro garantido, que os faziam atractivos para os compradores.
O ouro, cujo preço em 1929 estava a 20 dólares a onça troy, Roosevelt elevou-o a 35 como garantia interna das notas dos Estados Unidos da América.
Sobre a base dessa garantia em ouro físico, surgiu o Acordo de Bretton Woods em Julho de 1944, que outorgou ao poderoso país o privilégio de imprimir divisas convertíveis quando o resto do mundo estava arruinado. Os Estados Unidos possuíam mais de 80% do ouro do mundo.
Não necessito recordar o que veio depois, desde as bombas atómicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki - que acaba de completar 64 anos do genocídio - até ao golpe de Estado nas Honduras e as sete bases militares que o governo dos Estados Unidos se propõe instalar na Colômbia. O real é que em 1971, sob a administração de Nixon, o padrão ouro foi suprimido e a impressão ilimitada de dólares tornou-se a maior vigarice da humanidade. Em virtude do privilégio de Bretton Woods, os Estados Unidos da América, ao eliminar unilateralmente a convertibilidade, paga com papéis os bens e serviços que adquire no mundo. É certo que por dólares também oferece bens e serviços, mas também acontece que a partir da supressão do padrão ouro, a nota desse país, que era cotizado a 35 dólares a onça troy, tem perdido quase 30 vezes o seu valor e 48 vezes o que tinha em 1929. O resto do mundo tem sofrido as perdas, os seus recursos naturais e o seu dinheiro tem custeado o rearmamento e financiado em grande parte as guerras do império. Basta assinalar que a quantidade de Títulos fornecidos a outros países, conforme cálculos conservadores, ultrapassa a cifra de 3 milhões de milhões de dólares, e a dívida pública, que continua a crescer, ultrapassa a cifra de 11 milhões de milhões.
O império e os seus aliados capitalistas, ao mesmo tempo que concorrem entre eles, fizeram com que se acreditasse que as medidas anti-crise constituem as fórmulas salvadoras. Porém a Europa, a Rússia, o Japão, a Coreia, a China e a Índia não arrecadam fundos vendendo Títulos do Tesouro nem imprimindo notas, senão aplicando outras fórmulas para defenderem as suas moedas e os seus mercados, às vezes com grande austeridade da sua população. A imensa maioria dos países em desenvolvimento da Ásia, da África e da América Latina é quem paga as consequências, fornecendo os recursos naturais não renováveis, o suor e as vidas.
O TLCAN é o mais claro exemplo do que pode acontecer com um país em desenvolvimento na boca do lobo: nem soluções para os imigrantes nos Estados Unidos, nem licença para viajar sem visto ao Canadá pôde obter o México na última Cimeira.
Adquire, contudo, plena vigência sob a crise o maior TLC a nível mundial: a Organização Mundial do Comércio, que cresceu sob as ideias triunfantes do neoliberalismo, em pleno auge das finanças mundiais e os sonhos idílicos.
Por outro lado, a BBC Mundo informou ontem, 11 de Agosto, que mil funcionários das Nações Unidas, reunidos em Bonn, Alemanha, declararam que procuram o caminho para um acordo sobre a mudança climática em Dezembro deste ano, mas que o tempo estava acabando.
Ivo de Boer, o funcionário de maior hierarquia das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, disse que apenas restavam 119 dias para a Cimeira e temos “uma enorme quantidade de interesses divergentes, escasso tempo de discussão, um documento complicado sobre a mesa (duzentas páginas) e problemas de financiamento…”
“As nações em desenvolvimento insistem em que a maior parte dos gases que produzem o efeito de estufa são procedentes do mundo industrializado.”
O mundo em desenvolvimento alega a necessidade de ajuda financeira para lidar com os efeitos climáticos.
Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, declarou que: “Se não são tomadas medidas urgentes para combater as mudanças climáticas podem levar à violência e a distúrbios maciços em todo o planeta.”
“A mudança climática intensificará as secas, as enchentes e outros desastres naturais.”
“A escassez de água afectará centenas de milhões de pessoas. A nutrição deficiente arrasará grande parte dos países em desenvolvimento.”
Num artigo do The New York Times no passado 9 de Agosto explicava-se que: “Os analistas vêem na mudança climática uma ameaça para a segurança nacional.”
“Semelhantes crises – continua o artigo – provocadas pelo clima poderiam derrubar governos, estimular movimentos terroristas ou instabilizar regiões completas, afirmam analistas do Pentágono e de agências de inteligência que pela primeira vez estão a estudar as implicações da mudança climática na segurança nacional.”
“‘Torna-se complicado muito rapidamente’, disse Amanda J. Dory, Secretária de Defesa Adjunta para a Estratégia, que trabalha com um grupo do Pentágono designado para incorporar a mudança climática no planeamento da estratégia nacional de segurança.”
Do artigo de The New York Times deduz-se que ainda no Senado nem todos estão convencidos de que se trata de um problema real, ignorado totalmente até agora pelo governo dos Estados Unidos da América desde que foi aprovado há 10 anos em Kyoto.
Alguns falam de que a crise económica é o fim do imperialismo; talvez haja necessidade de analisar se isso não significa uma questão pior para a nossa espécie.
Sou de opinião que sempre será melhor ter uma causa justa para defender e a esperança de continuar para a frente.
(Fidel Castro Ruz – 12 Agosto 2009)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
AS BASES IANQUES E A SOBERANIA LATINO-AMERICANA
O conceito de nação surgiu da soma de elementos comuns tais como a história, a linguagem, a cultura, os costumes, as leis, as instituições e mais outros factores relacionados com a vida material e espiritual das comunidades humanas.
Os povos da América, por cuja liberdade Bolívar realizou as grandes façanhas que fizeram com que virasse “El Libertador” foram convocados por ele para criar, como disse: “a maior nação do mundo, menos pela sua extensão e riquezas do que pela sua liberdade e glória”.
António José de Sucre levou a cabo em Ayacucho a última batalha contra o império que tinha convertido grande parte deste continente em propriedade real da coroa de Espanha durante mais de 300 anos.
É a mesma América que dezenas de anos mais tarde, e quando já tinha sido cerceada em parte pelo nascente império ianque, Martí chamou Nossa América.
Temos que recordar mais uma vez que, antes de tombar em combate pela independência de Cuba, último bastião da colónia espanhola na América, no dia 19 de Maio de 1895, horas antes da sua morte, José Martí escreveu profeticamente que tudo o que ele tinha feito para “… impedir a tempo com a independência de Cuba que se estendam pelas Antilhas e caiam, com essa grande força, sobre as nossas terras da América”.
Nos Estados Unidos, as 13 colónias recém libertadas não tardaram em se estender desordenadamente para o Oeste em busca de terra e ouro, exterminando índios até que chegaram às costas do Pacífico, concorriam os Estados agrícolas esclavagistas do Sul com os Estados industriais do Norte que exploravam o trabalho assalariado, tentando criar outros Estados para defenderem os seus interesses económicos.
Em 1848 arrebataram ao México mais de 50 por cento de seu território, numa guerra de conquista contra o país, militarmente fraco, que os levou a ocupar a capital e a impor-lhe humilhantes condições de paz. No território arrebatado estavam as grandes reservas de petróleo e gás que mais tarde forneceriam aos Estados Unidos durante mais de um século e continuam em parte fornecendo-os.
O flibusteiro ianque William Walker, estimulado pelo “destino manifesto” que proclamou no seu país, desembarcou na Nicarágua no ano 1855 e proclamou-se como Presidente, até que foi expulso pelos nicaraguenses e outros patriotas centro-americanos em 1856.
O Nosso Herói Nacional viu como o destino dos países latino-americanos era destroçado pelo nascente império dos Estados Unidos.
Após a caída em combate de Martí teve lugar a intervenção militar em Cuba, quando já o exército espanhol estava derrotado.
Foi imposta a Cuba a Emenda Platt, que concedia ao poderoso país o direito de intervir na ilha.
A ocupação de Porto Rico, que dura há já 111 anos e hoje constitui o chamado “Estado Livre Associado”, que não é Estado nem é livre, foi outra das consequências daquela intervenção.
Confirmando as geniais premonições de Martí, as piores coisas para a América Latina ainda não tinham acontecido. Já o crescente império tinha decidido que o canal que uniria os dois oceanos seria por Panamá e não pela Nicarágua. O istmo do Panamá, a Corinto sonhada por Bolívar como capital da maior República do mundo concebida por ele, seria propriedade ianque.
Mesmo assim, houve ao longo do Século XX piores consequências. Com o apoio das oligarquias políticas nacionais, os Estados Unidos apropriaram-se depois dos recursos e da economia dos países latino-americanos; multiplicaram-se as intervenções; as forças militares e policiais ficaram sob a sua égide. As empresas multinacionais ianques apropriaram-se das produções e dos serviços fundamentais, dos bancos, das companhias de seguros, do comércio exterior, dos caminhos de ferro, dos navios, dos armazéns, dos serviços eléctricos, dos telefónicos e outros, em maior ou menor grau passaram para as suas mãos.
É certo que a profunda desigualdade social fez com que explodisse a Revolução Mexicana na segunda década do Século XX, que se converteu em fonte de inspiração para outros países. A revolução fez com que o México avançasse em muitas áreas. Mas o mesmo império que ontem devorou grande parte do seu território, hoje devora importantes recursos naturais que lhe restam, a força de trabalho barata e até faz com que derrame o seu próprio sangue.
O TLCAN é o mais brutal acordo imposto a um país em desenvolvimento. Para abreviar, é suficiente assinalar que o Governo dos Estados Unidos recentemente afirmou textualmente: “Em momentos em que o México tem sofrido um golpe duplo, não só pela queda da sua economia, mas também pelos efeitos do vírus A H1N1, provavelmente queremos ter a economia mais estabilizada antes de ter uma longa discussão sobre as novas negociações comerciais.” Logicamente não se faz nenhuma referência a que, como consequência da guerra desatada pelo tráfico de drogas, na qual o México utiliza 36 mil soldados e em 2009 terem já morrido quase quatro mil mexicanos. O fenómeno repete-se em maior o menor grau no resto da América Latina. A droga não só engendra problemas graves de saúde, engendra a violência que desgarra o México e a América Latina como fruto do mercado dos Estados Unidos, fonte inesgotável das divisas com as quais é fomentada a produção de cocaína e heroína, e é o país de onde são fornecidas as armas usadas nessa feroz e não divulgada guerra.
Aqueles que morrem do Rio Grande até os confins da América do Sul são latino-americanos. Deste modo, a violência geral está por cima do recorde de mortes e as vítimas ultrapassam a cifra de 100 mil por ano na América Latina, engendradas principalmente pelas drogas e a pobreza.
O império não luta contra as drogas dentro de suas fronteiras; luta nos territórios latino-americanos.
No nosso país não são cultivadas a coca nem a papoila. Lutamos com eficiência contra os que tentam introduzir drogas no nosso país ou utilizar Cuba como trânsito, e os índices de pessoas que morrem por causa da violência diminuem de ano para ano. Para isso não precisamos de soldados ianques. A luta contra as drogas é um pretexto para estabelecer bases militares em todo o hemisfério. Desde quando os navios da IV Frota e os aviões modernos de combate servem para combaterem as drogas?
O verdadeiro objectivo é o controlo dos recursos económicos, o domínio dos mercados e a luta contra as mudanças sociais. Que necessidade tinha de restabelecer essa frota, desmobilizada no fim da Segunda Guerra Mundial, há mais de 60 anos, quando já não existe a URSS nem a guerra fria? Os argumentos utilizados para o estabelecimento de sete bases aeronavais na Colômbia são ao longo do Século XX um insulto à inteligência.
A história não perdoará aos que cometem essa deslealdade contra os seus povos, tampouco aos que usam como pretexto o exercício da soberania para contestar a presença de tropas ianques. A que soberania fazem referência? À conquistada por Bolívar, Sucre, San Martín, O´Higgins, Morelos, Juárez, Tiradentes, Martí? Nenhum deles teria aceitado tão repudiável argumento para justificarem a concessão de bases militares às Forças Armadas dos Estados Unidos, um império mais dominante, mais poderoso e mais universal do que as coroas da península ibérica.
Se como consequência desses acordos promovidos de forma ilegal e inconstitucional pelos Estados Unidos, qualquer governo desse país utilizasse essas bases, mesmo como o fizeram Reagan com a guerra suja e Bush com a do Iraque, para provocarem um conflito armado entre dois povos irmãos, seria uma grande tragédia. A Venezuela e a Colômbia, nasceram juntas na história da América após as batalhas de Boyacá e Carabobo, sob a direcção de Simon Bolívar. As forças ianques podiam promover uma guerra suja como fizeram na Nicarágua, inclusive utilizar soldados de outras nacionalidades treinados por eles e poderiam atacar algum país, porém dificilmente o povo combativo, valente e patriótico da Colômbia se deixará arrastar para a guerra contra um povo irmão como o da Venezuela.
Enganam-se os imperialistas se subestimam igualmente os outros povos da América Latina. Nenhum deles aprovará a instalação de bases militares ianques, nenhum deles deixará de ser solidário com qualquer povo latino-americano agredido pelo imperialismo.
Martí admirava extraordinariamente Bolívar e não se enganou quando disse: “assim está Bolívar no céu da América, vigilante e carrancudo… calçadas ainda as botas de campanha, porque aquilo que ele não deixou feito, hoje está por fazer: porque Bolívar ainda tem coisas a fazer na América.”
Os povos da América, por cuja liberdade Bolívar realizou as grandes façanhas que fizeram com que virasse “El Libertador” foram convocados por ele para criar, como disse: “a maior nação do mundo, menos pela sua extensão e riquezas do que pela sua liberdade e glória”.
António José de Sucre levou a cabo em Ayacucho a última batalha contra o império que tinha convertido grande parte deste continente em propriedade real da coroa de Espanha durante mais de 300 anos.
É a mesma América que dezenas de anos mais tarde, e quando já tinha sido cerceada em parte pelo nascente império ianque, Martí chamou Nossa América.
Temos que recordar mais uma vez que, antes de tombar em combate pela independência de Cuba, último bastião da colónia espanhola na América, no dia 19 de Maio de 1895, horas antes da sua morte, José Martí escreveu profeticamente que tudo o que ele tinha feito para “… impedir a tempo com a independência de Cuba que se estendam pelas Antilhas e caiam, com essa grande força, sobre as nossas terras da América”.
Nos Estados Unidos, as 13 colónias recém libertadas não tardaram em se estender desordenadamente para o Oeste em busca de terra e ouro, exterminando índios até que chegaram às costas do Pacífico, concorriam os Estados agrícolas esclavagistas do Sul com os Estados industriais do Norte que exploravam o trabalho assalariado, tentando criar outros Estados para defenderem os seus interesses económicos.
Em 1848 arrebataram ao México mais de 50 por cento de seu território, numa guerra de conquista contra o país, militarmente fraco, que os levou a ocupar a capital e a impor-lhe humilhantes condições de paz. No território arrebatado estavam as grandes reservas de petróleo e gás que mais tarde forneceriam aos Estados Unidos durante mais de um século e continuam em parte fornecendo-os.
O flibusteiro ianque William Walker, estimulado pelo “destino manifesto” que proclamou no seu país, desembarcou na Nicarágua no ano 1855 e proclamou-se como Presidente, até que foi expulso pelos nicaraguenses e outros patriotas centro-americanos em 1856.
O Nosso Herói Nacional viu como o destino dos países latino-americanos era destroçado pelo nascente império dos Estados Unidos.
Após a caída em combate de Martí teve lugar a intervenção militar em Cuba, quando já o exército espanhol estava derrotado.
Foi imposta a Cuba a Emenda Platt, que concedia ao poderoso país o direito de intervir na ilha.
A ocupação de Porto Rico, que dura há já 111 anos e hoje constitui o chamado “Estado Livre Associado”, que não é Estado nem é livre, foi outra das consequências daquela intervenção.
Confirmando as geniais premonições de Martí, as piores coisas para a América Latina ainda não tinham acontecido. Já o crescente império tinha decidido que o canal que uniria os dois oceanos seria por Panamá e não pela Nicarágua. O istmo do Panamá, a Corinto sonhada por Bolívar como capital da maior República do mundo concebida por ele, seria propriedade ianque.
Mesmo assim, houve ao longo do Século XX piores consequências. Com o apoio das oligarquias políticas nacionais, os Estados Unidos apropriaram-se depois dos recursos e da economia dos países latino-americanos; multiplicaram-se as intervenções; as forças militares e policiais ficaram sob a sua égide. As empresas multinacionais ianques apropriaram-se das produções e dos serviços fundamentais, dos bancos, das companhias de seguros, do comércio exterior, dos caminhos de ferro, dos navios, dos armazéns, dos serviços eléctricos, dos telefónicos e outros, em maior ou menor grau passaram para as suas mãos.
É certo que a profunda desigualdade social fez com que explodisse a Revolução Mexicana na segunda década do Século XX, que se converteu em fonte de inspiração para outros países. A revolução fez com que o México avançasse em muitas áreas. Mas o mesmo império que ontem devorou grande parte do seu território, hoje devora importantes recursos naturais que lhe restam, a força de trabalho barata e até faz com que derrame o seu próprio sangue.
O TLCAN é o mais brutal acordo imposto a um país em desenvolvimento. Para abreviar, é suficiente assinalar que o Governo dos Estados Unidos recentemente afirmou textualmente: “Em momentos em que o México tem sofrido um golpe duplo, não só pela queda da sua economia, mas também pelos efeitos do vírus A H1N1, provavelmente queremos ter a economia mais estabilizada antes de ter uma longa discussão sobre as novas negociações comerciais.” Logicamente não se faz nenhuma referência a que, como consequência da guerra desatada pelo tráfico de drogas, na qual o México utiliza 36 mil soldados e em 2009 terem já morrido quase quatro mil mexicanos. O fenómeno repete-se em maior o menor grau no resto da América Latina. A droga não só engendra problemas graves de saúde, engendra a violência que desgarra o México e a América Latina como fruto do mercado dos Estados Unidos, fonte inesgotável das divisas com as quais é fomentada a produção de cocaína e heroína, e é o país de onde são fornecidas as armas usadas nessa feroz e não divulgada guerra.
Aqueles que morrem do Rio Grande até os confins da América do Sul são latino-americanos. Deste modo, a violência geral está por cima do recorde de mortes e as vítimas ultrapassam a cifra de 100 mil por ano na América Latina, engendradas principalmente pelas drogas e a pobreza.
O império não luta contra as drogas dentro de suas fronteiras; luta nos territórios latino-americanos.
No nosso país não são cultivadas a coca nem a papoila. Lutamos com eficiência contra os que tentam introduzir drogas no nosso país ou utilizar Cuba como trânsito, e os índices de pessoas que morrem por causa da violência diminuem de ano para ano. Para isso não precisamos de soldados ianques. A luta contra as drogas é um pretexto para estabelecer bases militares em todo o hemisfério. Desde quando os navios da IV Frota e os aviões modernos de combate servem para combaterem as drogas?
O verdadeiro objectivo é o controlo dos recursos económicos, o domínio dos mercados e a luta contra as mudanças sociais. Que necessidade tinha de restabelecer essa frota, desmobilizada no fim da Segunda Guerra Mundial, há mais de 60 anos, quando já não existe a URSS nem a guerra fria? Os argumentos utilizados para o estabelecimento de sete bases aeronavais na Colômbia são ao longo do Século XX um insulto à inteligência.
A história não perdoará aos que cometem essa deslealdade contra os seus povos, tampouco aos que usam como pretexto o exercício da soberania para contestar a presença de tropas ianques. A que soberania fazem referência? À conquistada por Bolívar, Sucre, San Martín, O´Higgins, Morelos, Juárez, Tiradentes, Martí? Nenhum deles teria aceitado tão repudiável argumento para justificarem a concessão de bases militares às Forças Armadas dos Estados Unidos, um império mais dominante, mais poderoso e mais universal do que as coroas da península ibérica.
Se como consequência desses acordos promovidos de forma ilegal e inconstitucional pelos Estados Unidos, qualquer governo desse país utilizasse essas bases, mesmo como o fizeram Reagan com a guerra suja e Bush com a do Iraque, para provocarem um conflito armado entre dois povos irmãos, seria uma grande tragédia. A Venezuela e a Colômbia, nasceram juntas na história da América após as batalhas de Boyacá e Carabobo, sob a direcção de Simon Bolívar. As forças ianques podiam promover uma guerra suja como fizeram na Nicarágua, inclusive utilizar soldados de outras nacionalidades treinados por eles e poderiam atacar algum país, porém dificilmente o povo combativo, valente e patriótico da Colômbia se deixará arrastar para a guerra contra um povo irmão como o da Venezuela.
Enganam-se os imperialistas se subestimam igualmente os outros povos da América Latina. Nenhum deles aprovará a instalação de bases militares ianques, nenhum deles deixará de ser solidário com qualquer povo latino-americano agredido pelo imperialismo.
Martí admirava extraordinariamente Bolívar e não se enganou quando disse: “assim está Bolívar no céu da América, vigilante e carrancudo… calçadas ainda as botas de campanha, porque aquilo que ele não deixou feito, hoje está por fazer: porque Bolívar ainda tem coisas a fazer na América.”
(Fidel Castro Ruz - 9 Agosto 2009)
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