quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

AUTOFAGIA


Mais de 100 mil portugueses andam por aí, de porta em porta, a tentar vender tralha diversa. É, em desespero de causa – porque não arranjam outro trabalho – um meio de conseguirem dinheiro para a bucha ou satisfazer outras necessidades, como pagar os estudos, ajudar a família ou honrar, simplesmente, os seus compromissos mais prementes. Estima-se que uma população flutuante de outros 100 mil portugueses esteja espalhada por vários centros de contactos telefónicos (vulgo, call-centers), sejam de empresas dedicadas exclusivamente a essa função, sejam de empresas que criaram esses serviços de contactos com o público para promoção dos seus produtos.

No fundo, o objectivo desses contactos porta a porta, ou via telefónica, é tentar impingir aos indígenas cordas para se enforcarem, tais como cartões de crédito, financiamentos e seguros, ou, no melhor dos casos, algo tão dispensável como assinaturas de revistas, novos serviços de telecomunicações e audiovi
sual, enfim, uma panóplia de produtos que, não sendo de primeira necessidade, se destinam, apenas, a extorquir os últimos cêntimos que possam existir nos bolsos dos incautos, nem que seja através do endividamento. Melhor: preferencialmente através do endividamento.

Hoje em dia, com o país incapaz – ou proibido – de produzir mais riqueza, já que as pescas, a agricultura e a indústria estão condicionadas pela sua incapacidade competitiva – fruto de congénitas inépcias empresariais e desdém governamental – ou das limitações impostas por Bruxelas, e criminosa e servilmente aceites pelos governos nacionais, o emprego que aparece é para andar por aí a vender a banha da cobra da economia global.

Deste modo, uma multidão de portugueses, com contratos precários e pagos ao preço da uva mijona, esfarrapa-se a tocar a campainhas e a subir e a descer escadas, ou a contactar telefonicamente os seus semelhantes, tentando, desesperadamente, levá-los a aceitar aquilo que, se eles de facto precisassem, sabiam muito bem onde encontrar sem serem incomodados a qualquer hora do dia e, muitas vezes, da noite. E porque a manutenção desse emprego e um reforço da magra remuneração mensal dependem da sua capacidade de impingir o produto à vítima, obrigam-se a utilizar todos os meios – eufemisticamente designados por «técnicas de vendas» – para alcançar esse fim. «Criem-lhes a necessidade», ouvem frequentemente.

Muitos portugueses que, infelizmente, não deviam ter, sequer, um porta-moedas, são aliciados a adquirir um cartão de crédito, que vai tornar-se, a curto prazo, na sua desgraça. O medo do amanhã leva-os ainda, a adquirir seguros que nada – ou pouco – cobrem, mas que pagam com língua de palmo. Porque a televisão lhes é apresentada como uma janela para o mundo – para o conhecimento – aceitam comprar pacotes de canais, nada mais pagando, afinal, do que umas horas de anestesia, caso não sejam umas horas do mais puro embrutecimento. E por aí fora.

Em Londres, Paris, Nova Iorque ou Madrid, alguém acumula fortunas à conta desta engrenagem maldita, onde cerca de duzentos mil portugueses, para iludir a fome ou a indigência, são obrigados a um verdadeiros trabalho de extorsão sobre aqueles que, afinal, nada mais são que seus infelizes semelhantes. Portugal é, verdadeiramente, um país em autofagia acelerada.

«Devorai-vos uns aos outros», é a ordem destes banqueiros sem rosto e sem nome, que a última coisa que querem é que os portugueses produzam mais carne, mais leite, mais trigo, mais azeite ou mais aço. Mais pão, afinal.

Feliz da vida, o poder político garante que tudo está sob controlo. A autofagia em curso não incomoda suas excelências.


(João Carlos Pereira)

Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 29/12/2010.
Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A SOPA (DEMOCRÁTICA) DOS POBRES


Quando eu era miúdo, muitos dos meus colegas iam para a escola descalços e, para além da sacola onde levavam os livros, levavam também uma panela numa alcofa para, mal tocasse a sineta, correrem para a fila da Sopa dos Pobres, que funcionava na rua de Campolide. Nessa altura, cidadão que falasse da fome que havia em Portugal, arriscava-se a bater com os ossos nas masmorras que a PIDE reservava para esses «oportunistas» políticos, na altura rotulados de perigosos subversivos anti-patriotas. Os jornais também não falavam da miséria existente, porque havia uma coisa chamada Censura. E desde muito cedo, o meu pai ensinou-me a ter cuidado com conversas sobre a situação política e, principalmente, a nunca revelar o que, a propósito dela, se dizia em nossa casa.

O fascismo não se traduz só por isto, mas estes factos – a fome e a opressão – estão gravados na minha memória como a marca de um sistema político desumano, opressor e caquéctico. Já homem maduro, vivi o 25 de Abril como um radioso despertar de um pesadelo vestido de negro e sujo de sangue. Um respirar de ar puro a plenos pulmões, depois de anos de asfixia numa cave infecta e putrefacta. Homem maduro, mas ingénuo quanto baste para ter julgado, na altura, que a fome, a desigualdade
e a opressão seriam coisas do passado. Que a Liberdade e a democracia nos garantiriam uma vida digna, livre da fome e das misérias – físicas e morais – que causticaram a maioria do povo português durante quase meio século. Que não seria assim, em breve Mário Soares se encarregou de nos explicar, mal se apanhou com as rédeas do país nas mãos. Daí para cá, não só se meteram na gaveta as ideias de justiça social, equidade e humanismo, como uma chusma de políticos, devassos e oportunistas, se encarregou de devolver o país à velha ordem social e económica que imperara até Abril de 1974.

De Mário Soares a Sócrates, o PS foi o diapasão dessa reentrega da vida e do futuro dos portugueses – do próprio país, afinal – nas mãos do grande capital financeiro, e a própria Liberdade passou a ser uma coisa sem sentido, pois nada mais resta que o voto induzido e condicionado pela manipulação ideológica – pela propaganda – e o «poder falar-se», mas desde que não sirva para mais que desabafar, ou seja, desde que não ponha em causa a natureza do sistema económico em que vivemos, assente na sangria das classes trabalhadores. Desde que não faça tremer a exploração da mão-de-obra que enriquece o capitalismo reinante – e cada vez mais selvagem.

Sócrates é o pináculo dessa chusma de políticos rascas e debochados que assaltaram o 25 de Abril, com o voto iludido de uma sociedade hipnotizada pelos malabaristas dos principais partidos que, tal como os toureiros aprenderam a conhecer as deficiências congénitas dos touros, também eles aprenderam a levar o povo no engano dos seus passes e volteios.

Por isso, a Sopa dos Pobres aí está, em todo o seu trágico esplendor. E, tal como Salazar queria que a fome e a pobreza não fossem destapadas, também Sócrates, seguindo a mesma cartilha, já fez o favor de avisar que não tolera que elas – a fome e a pobreza – sejam tema do debate político.

Entre o negro do fascismo e o cor-de-rosa destes falsos socialistas, se outras diferenças há, para além da cor, elas são – e tão só – de estilo.

A Sopa dos Pobres de Sócrates e do PS só é diferente da Sopa dos Pobres de Salazar, porque, por enquanto, ainda ninguém anda descalço. Mas é só por enquanto…



(João Carlos Pereira)

Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 22/12/2010.
Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OS INIMPUTÁVEIS


Não sou eu que o digo. Ou melhor: não sou só eu que o digo. Portugal está de rastos. O país atravessa uma crise tremenda. Toda a gente o diz. Dizem-no, antes de mais, aqueles que não sentem a crise, a começar pela casta política, da esquerda à direita. Dizem-nos os banqueiros, os grandes empresários, os senhores de Bruxelas e os do FMI. Dizem-no, até, os padres e os bispos. E dizem-no – porque a sentem na pele, nos ossos, no estômago e nos bolsos – os desgraçados que trabalham, os ainda mais desgraçados que estão no desemprego, os pensionistas que auferem pensões infames, enfim, o populacho que sustenta as elites dirigentes e enche os vários alforges de aquém e além mar – ou seja, os off-shores. Dizem-no os pequenos e médios empresários, devorados por Belmiros, Amorins e outros magnatas. Portanto, se todos o dizem – e a grande maioria o sente – não há dúvida que o país está em adiantado estado de decomposição. Certo? Certíssimo!

Agora, vamos lá apurar responsáveis, já que nada acontece sem uma causa, um porquê. Serão os que recebem baixos salários, ou salários assim-assim? Os que recebem pensões miseráveis, ou quase? Os dois milhões de pobres? Os cerca de oitocentos mil desempregados? Enfim, os mais de 9 milhões de portugueses que vegetam ao sabor das venetas de quem manda? Sem medo de desmentido, venha ele do mais fino analista político, comentador diplomado, ideólogo doutorado do neo-liberalismo, ou qualquer economista com lugar cativo nos ecrãs televisivos, garanto que não. Se a cambada tem alguma culpa no cartório, ela resulta do simples facto de ter enfiado nas urnas os papelinhos errados.

Se não é a cambada que tem culpa – e não é – serão os senhores banqueiros e afins, já que são eles que têm nas mãos os cordelinhos da alta finança? Nem pensar! – respondem em coro. São eles que mantêm a economia de pé. Serão, então, os senhores que têm governado o país? Que blasfémia! Basta ouvi-los. Cada um governou melhor que o outro. De Mário Soares a Sócrates, passando por Cavaco, Guterres, Durão, Santana, Eanes, Sampaio, seja como governantes, seja como chefes supremos da nação – venerandos chefes de Estado, como se dizia em tempos que já lá vão – todos eles têm receitas infalíveis para retirar o país do atoleiro onde comprovadamente está. São virgens imaculadas, puríssimas.

Ouve-se falar Sócrates, e ninguém diria que está a governar o país há vários anos, quatro deles com maioria absoluta. Tudo o que fez foi bem feito. Ri-se, no seu estilo de truão compulsivo e sem vergonha na cara – já que nem tudo pode ser imputado a problemas de neurónios. Volta não volta, múmias ressuscitadas por uma televisão impiedosa, vêm opinar sobre a crise. Soares, Eanes, Sampaio, esgotados e repetitivos, parecem personagens absurdas de um filme de Antonioni. Nada de falar sobre o que fizeram – ou deixaram de fazer. Apenas sabem o que deve ser feito. São velhos sábios fora de prazo. Ridículos. Quase trágicos.

Não podendo imputar-se ao povo – porque não manda, não governa – as culpas pela situação que se vive, e recusando os actuais e antigos governantes qualquer responsabilidade na matéria (do poder económico nem é bom falar, porque são os mais inocentes nisto tudo, já que se limitam a fazer a sua obrigação de acumular lucros aos milhões), então, quem são os responsáveis pela desgraça a que chegámos?

Ninguém! Estamos no país dos inimputáveis!


(João Carlos Pereira)


Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 15/12/2010.
Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ATÉ UM DIA…


O «socialista» Carlos César, que manda nos Açores, determinou que os cortes nos ordenados dos trabalhadores da função pública não se aplicam lá no feudo. Sócrates, com o seu habitual descaramento, alega que não manda nada nos Açores. Ao mesmo tempo, o governo determinou que os altos quadros do Estado já podem, afinal, continuar a acumular os ordenados e as pensões pagas pelo próprio Estado. Exactamente o mesmo governo que decidiu os cortes nos salários dos políticos e da função pública, mas que inscreveu, no OGE, um aumento de 20% em despesas de representação, com as quais os senhores políticos e os altos quadros da FP se compensam dos cortes proclamados. E até ficam a ganhar. Os cortes nas despesas, por outro lado, também não se aplicam aos hospitais com gestão empresarial, nem às empresas do Estado.

Afinal, quem vai pagar a crise? Que pergunta parva! A ralé, como de costume. Os remediados, os esfomeados, os miseráveis. O batalhão de jovens, homens e mulheres que vegetam por aí com baixos salários e trabalhos precários. Os reformados e pensionistas. Mas a elite política e empresarial, bem como todo o seu séquito de boys e girls, vai continuar a rir-se e a encher a pança e os bolsos. E a exigir mais sacrifícios aos portugueses.

O senhor Fernando Ulrich, presidente do BPI, por exemplo, declarou que os despedimentos devem ser rápidos e fáceis, ou seja, sempre que o patrão quiser. As pessoas não são pessoas. São instrumentos da gestão. O senhor Barroso, lá de Bruxelas, bolçou que os despedimentos devem ser mais baratos. Nada de indemnizações, nada de subsídios de desemprego que delapidem os cofres públicos. Trabalhador trabalha se tiver trabalho, o tempo que o patrão quiser, recebe o que o patrão quiser… e é se quiser. Come, se puder comprar alimentos. Ou se, por caridade, alguém lhe der uma esmola. Direitos? O que é isso? O tempo não está para luxos.

Falando em luxos. O senhor Rui Pedro Soares, conhecido como o boy dos boys de Sócrates, foi afastado da «primeira linha» da administração da PT depois do escândalo da compra da TVI. A própria PT garantiu que o boy tinha sido afastado da administração e que não era director fosse do que fosse, mas apenas funcionário. Sabem quanto ganha este «funcionário»? «Apenas» dez mil euros por mês, mais secretária e carro às ordens. Ganham bem, os funcionários da PT!

Portugal é o maior na pobreza infantil? Ninharias! Há mais de dois milhões de pobres em Portugal, 500 mil dos quais até têm trabalho? Que se lixe! Portugal é um dos países mais assimétricos da Europa na distribuição de rendimentos, onde os 20% mais ricos ganham 6,1 vezes mais do que os 20% mais pobres? Porreiro, pá! Assim, o senhor Ulrich e o senhor Rui Pedro Soares estão na maior!

Enfim, linda democracia a nossa! O senhor presidente do BPI, Fernando Ulrich, pode perfeitamente à vontade – e com toda a cobertura televisiva – alvitrar que qualquer trabalhador português possa ser posto no olho da rua sem mas nem porquês. É democrático. Mas se eu alvitrar que o senhor Fernando Ulrich – bem como qualquer parasita da sua laia – deveria passar a receber o salário mínimo e posto a trabalhar a sério nas minas de Aljustrel, e que os lucros da banca deveriam reverter para o desenvolvimento do país, em vez de engordarem os chupistas e calaceiros que engordam, já serei um perigoso revolucionário. Ou – sei lá – um temível subversivo, a tender para o terrorista.

Até um dia…

(João Carlos Pereira)

Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 08/12/2010.
Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ELES

...
ELES pagam-nos apenas uma pequena parte daquilo que produzimos. Da riqueza que lhes metemos no bolso, devolvem-nos umas migalhas a que chamam salários. Nós produzimos tijolos, cimento, aço, folha-de-flandres, automóveis, casas, vestuário e calçado, telemóveis, jornais, pão, os pratos e os talheres onde comemos, os lençóis onde dormimos, as cadeiras onde nos sentamos, incluindo os cadeirões do parlamento e dos conselhos de administração. Produzimos os livros que lemos e os cadernos e livros onde as nossas crianças aprendem as primeiras letras e a juntar dois mais dois. Nós arriscamos a vida no alto mar, pescando, e no fundo das minas, extraindo o minério. Trabalhamos estoicamente para arrancar do chão os frutos, os legumes, os cereais e quase tudo o que comemos. Nós mal dormimos para que à vaca, ao porco e à galinha chegue sempre a ração a tempo e horas, do primeiro ao último dia do ano. Nós levamos a água e a electricidade a todo o lado, embora alguns de nós não saibam o que é acender a luz ou abrir a torneira. Construímos todas as estradas, mas não podemos circular em muitas delas se não tivermos dinheiro para pagar o luxo. Nós produzimos todos os electrodomésticos que existem, incluindo uma caixa chamada televisão, pela qual ELES nos dizem, 24 horas por dia, como devemos pensar, agir e ser.

Depois, nós pagamos tudo o que produzimos ao preço que ELES querem. E mais: há coisas que produzimos mas que não podemos comprar, porque só ELES, com os lucros que o nosso trabalho lhes deu, podem consumir. Nós pagámos, com os nossos impostos, a construção dos centros de saúde, dos hospitais, a formação de médicos e enfermeiros, e fomos nós que fabricámos todos os medicamentos que existem. Mas não temos médico sempre que precisamos, nem somos operados quando a operação se impõe, nem conseguimos comprar todos os medicamentos que precisamos, porque às vezes – muitas vezes – mal dá para a bucha. Nós construímos as escolas e pagámos a formação dos professores, mas temos, depois, que gastar o que não temos para que os nossos filhos estudem e possam aspirar a uma vida melhor. Pagamos os livros e os cadernos que fizemos, os lápis que produzimos e uma coisa chamada propinas, como se não tivéssemos já pago, com o nosso trabalho e com os nossos impostos, tudo isso.

E muitos de nós – incluindo os nossos filhos – passamos mal. Não bebemos o leite e carne que produzimos, nem o peixe que pescámos. Mas para que nada falte aos senhores que enriquecemos, ELES são tão bonzinhos que até nos emprestam dinheiro, ao juro que muito bem entendem, para que possamos compensar, deste modo, as carências que resultam de nos pagarem tão pouco.

Para que tudo isto funcione bem, para além da televisão, que nos diz que as coisas são mesmo assim – e se não forem assim, serão muito piores – existem os políticos, que criam as leis que tornam isto tudo legal. E, porque conseguem que votemos neles, é tudo democrático.

Acontece que nós, que produzimos tudo o que há, ganhamos cada vez menos, devemos cada vez mais e, natural – mas democraticamente – vivemos cada vez pior. Reformamo-nos – ao contrário deles – cada vez mais tarde e com pensões cada vez mais magras.

Mas graças a Deus e ao nosso suor, ELES e os nossos políticos podem comprar tudo aquilo que produzimos e têm dinheiro para se tratarem nas melhores clínicas, junto dos melhores médicos, e porem os filhos a estudar nas melhores escolas que há.

Democraticamente.


(João Carlos Pereira)

Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 01/12/2010.
Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00.