
Um pensionista grego suicidou-se à frente do parlamento, em Atenas, devido à degradação da sua situação económica. O homem, um farmacêutico de 77 anos, gritou: “Tenho dívidas, não aguento mais! Não quero deixar as dívidas ao meu filho”. E deu um tiro na cabeça.
A polícia divulgou um bilhete deixado pelo pensionista, onde este atribuiu à crise económica e ao governo as razões para decidir pôr fim à vida. Nele, o pensionista escreveu que o governo “eliminou qualquer esperança de sobrevivência”, acrescentando que este era o único “final digno, para não ter de começar a remexer o lixo para conseguir comida”.
Em Portugal, talvez porque somos infinitamente mais mansos e imensamente mais estúpidos – a maioria até acha que a crise não é culpa de ninguém, muito menos dos governantes e dos senhores capitalistas – ainda ninguém decidiu suicidar-se à frente da Assembleia da República, forma de conferir ao acto alguma utilidade. Não: prefere-se fazê-lo sem espalhafatos e sem proveito.

Segundo o DN, face a estes números, o governo decidiu antecipar a criação de uma comissão que vai desenvolver o programa de prevenção dos suicídios. Esta medida segue-se a um alerta da Comissão Europeia e da Organização Mundial de Saúde para o aumento das depressões em situações de crise.
Se o governo me permite uma sugestão, ela aqui vai: a melhor medida para esse programa de prevenção dos suicídios provocados pela crise, seria a do governo suicidar-se em bloco, numa bela cerimónia transmitida em directo pela TV, em horário nobre.

Coisas lindas, as metáforas.

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