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Quando o saudoso Zeca Afonso falava, cantando, dos vampiros, naturalmente que não se referia a essa espécie de morcegos, aos vampiros propriamente ditos, que, como quaisquer outros animais, merecem o nosso respeito. Fazia-o em termos metafóricos, comparando aqueles que vivem do que produzem milhões de pessoas, enriquecendo à custa alheia, com esse animal, comum na América Central e do Sul, e que se alimenta, essencialmente, do sangue doutros animais, sugando-o pela calada da noite.
Os vampiros eram, no tempo da ditadura, os banqueiros, os donos dos grandes grupos económicos, os seus sequazes e servidores, e toda uma tribo de parasitas que gravitava em seu redor, sorvendo o sangue de quem trabalhava. Para que tudo permanecesse como era, alguns desses vampiros – os Pides – vinham de noite, pela calada, e levavam para as celas de Peniche ou de Caxias os elementos da manada que ousassem exigir o fim do vampirismo.
Os vampiros – esses vampiros – não morreram com o 25 de Abril. São, neste tempo de alegada democracia e liberdade, os mesmos (ou os novos) banqueiros, os mesmos donos dos grandes grupos económicos, os seus sequazes e servidores, e todo uma imensa chusma de parasitas que gravita em seu redor. Os vampiros – esses vampiros – estão aí. Têm lugar de destaque no aparelho do Estado, dependuram-se em tudo o que é lugar da administração das empresas públicas e privadas, instalam-se nos órgãos de soberania, de que fazem gruta sua, dominam a generalidade da comunicação social, têm tribuna nos jornais, tempo de antena na televisão, falam nas rádios, enfim, chiam de poleiro. E, principalmente, sugam desenfreadamente o rebanho. No fundo, determinam que as relações económicas se baseiem, exactamente, no vampirismo mais desenfreado, chamando a isso economia de mercado. Eu chamo-lhe modo de produção capitalista.
Os vampiros – esses vampiros – são, em suma, seres sem vergonha e sem quaisquer vestígios de humanidade. Só lhes interessa sugar o sangue da manada e, para tanto, tentam convencê-la que isso é a coisa mais natural deste mundo, a ordem natural das coisas. Que sempre foi assim – e sempre assim será. Há dias, um destes vampiros, que nos contacta com alguma regularidade, voltou ao ataque. Não disse nada de novo, porque só sabe dizer uma coisa: as políticas de direita são as únicas praticáveis; aos governantes cumpre impô-las, aos governados resta acatá-las; a sociedade, tal como está estruturada, é que está bem, faltando apenas transferir o que ainda é público para as mãos dos privados. As suas intervenções têm o ranço do passado, o que leva aos arames muitos ouvintes. Pela minha parte, esfrego as mãos de contente sempre que o vampiro em questão se faz anunciar. Ele – seguramente sem querer – anima a discussão e traz para cima da mesa o debate ideológico que, em última análise, é o objectivo destas crónicas. E tem, com o seu discurso, outra não menos importante utilidade: demonstra como é perversa e inumana a ideologia que diz defender. E embora alguns ouvintes reajam a quente, a verdade é que há outros com uma leitura curiosa destas intervenções vampirinas. Vale a pena ler-vos um e-mail que recebi a propósito da última aparição do vampiro:
Quando o saudoso Zeca Afonso falava, cantando, dos vampiros, naturalmente que não se referia a essa espécie de morcegos, aos vampiros propriamente ditos, que, como quaisquer outros animais, merecem o nosso respeito. Fazia-o em termos metafóricos, comparando aqueles que vivem do que produzem milhões de pessoas, enriquecendo à custa alheia, com esse animal, comum na América Central e do Sul, e que se alimenta, essencialmente, do sangue doutros animais, sugando-o pela calada da noite.
Os vampiros eram, no tempo da ditadura, os banqueiros, os donos dos grandes grupos económicos, os seus sequazes e servidores, e toda uma tribo de parasitas que gravitava em seu redor, sorvendo o sangue de quem trabalhava. Para que tudo permanecesse como era, alguns desses vampiros – os Pides – vinham de noite, pela calada, e levavam para as celas de Peniche ou de Caxias os elementos da manada que ousassem exigir o fim do vampirismo.
Os vampiros – esses vampiros – não morreram com o 25 de Abril. São, neste tempo de alegada democracia e liberdade, os mesmos (ou os novos) banqueiros, os mesmos donos dos grandes grupos económicos, os seus sequazes e servidores, e todo uma imensa chusma de parasitas que gravita em seu redor. Os vampiros – esses vampiros – estão aí. Têm lugar de destaque no aparelho do Estado, dependuram-se em tudo o que é lugar da administração das empresas públicas e privadas, instalam-se nos órgãos de soberania, de que fazem gruta sua, dominam a generalidade da comunicação social, têm tribuna nos jornais, tempo de antena na televisão, falam nas rádios, enfim, chiam de poleiro. E, principalmente, sugam desenfreadamente o rebanho. No fundo, determinam que as relações económicas se baseiem, exactamente, no vampirismo mais desenfreado, chamando a isso economia de mercado. Eu chamo-lhe modo de produção capitalista.
Os vampiros – esses vampiros – são, em suma, seres sem vergonha e sem quaisquer vestígios de humanidade. Só lhes interessa sugar o sangue da manada e, para tanto, tentam convencê-la que isso é a coisa mais natural deste mundo, a ordem natural das coisas. Que sempre foi assim – e sempre assim será. Há dias, um destes vampiros, que nos contacta com alguma regularidade, voltou ao ataque. Não disse nada de novo, porque só sabe dizer uma coisa: as políticas de direita são as únicas praticáveis; aos governantes cumpre impô-las, aos governados resta acatá-las; a sociedade, tal como está estruturada, é que está bem, faltando apenas transferir o que ainda é público para as mãos dos privados. As suas intervenções têm o ranço do passado, o que leva aos arames muitos ouvintes. Pela minha parte, esfrego as mãos de contente sempre que o vampiro em questão se faz anunciar. Ele – seguramente sem querer – anima a discussão e traz para cima da mesa o debate ideológico que, em última análise, é o objectivo destas crónicas. E tem, com o seu discurso, outra não menos importante utilidade: demonstra como é perversa e inumana a ideologia que diz defender. E embora alguns ouvintes reajam a quente, a verdade é que há outros com uma leitura curiosa destas intervenções vampirinas. Vale a pena ler-vos um e-mail que recebi a propósito da última aparição do vampiro:
«Senhor João Carlos Pereira. Gosto bastante das intervenções do senhor Gonçalo, ao contrário do que acontece com a maioria dos ouvintes. Na minha opinião, ele não é um homem de direita, mas uma pessoa de esquerda que, muito inteligentemente, representa o papel de um direitista estúpido, com alguns laivos de fascista à mistura. Realmente, ao produzir afirmações que revelam tanta falta de carácter, tanta desumanidade, tanto cinismo e tanta insensibilidade perante o resultado desastroso das políticas que defende (o desempenho económico e a situação social estão aí a prová-lo), o senhor Gonçalo consegue, ainda melhor do que o meu amigo, explicar-nos todos os malefícios dessas mesmas políticas. Se for a ver, esse hipotético senhor Gonçalo nada mais é que um perspicaz agitador ao serviço da esquerda, que encontrou uma forma muito inteligente e original de denegrir Sócrates, o PS e, de uma maneira geral, o neo-liberalismo reinante, já que Sócrates e o PS não passam de meros executores das políticas neo-liberais que estão a levar o país para o estado em que se encontra. Mas caso o senhor Gonçalo seja mesmo aquilo que diz ser, então ele que me perdoe, mas não passa de uma pessoa da direita mais cavernícola, mas muitíssima obtusa (a tender para o bronco) e malévola (a tender para o pérfido), pois nada mais faz do que demonstrar como é cruel, cínica e desumana a estrutura política e económica que defende. Assim não vai lá. Cumprimentos. André Seabra – Lisboa.»
Depois de ler este e-mail, se eu acrescentasse algo mais, o estúpido era eu.
(João Carlos Pereira)Depois de ler este e-mail, se eu acrescentasse algo mais, o estúpido era eu.
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1 comentário:
CUIDADO COM ESTA MALTA ....
Certa tarde, um famoso banqueiro ia para casa, em sua enorme limousine, quando viu dois homens à beira da estrada comendo relva.
Ordenou ao seu motorista que parasse e, saindo, perguntou a um deles:
- Por que vocês estão comendo relva?
- Não temos dinheiro para comida.. - disse o pobre homem - Por isso temos que comer relva.
- Bem, então venham à minha casa e eu lhes darei de comer - disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.
- Que venham também - disse novamente o banqueiro. E, voltando-se para o outro homem, disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também. - respondeu o banqueiro.
E entraram todos no enorme e luxuoso carro.
Uma vez a caminho, um dos homens olhou timidamente o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!
O banqueiro respondeu:
- Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo! Vocês vão ficar encantados com a minha casa... A relva está com mais de 20 centímetros de altura!
Moral da história:
Quando você achar que um banqueiro (ou banco) o está a ajudar, não se iluda, pense mais um pouco...
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