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Nasceu uma estrela no panorama da política nacional. Chama-se Ricardo Rodrigues e, entre várias especialidades, é perito em furtar gravadores a jornalistas. Como não podia deixar de ser, é socialista – dizendo melhor: é do Partido Socialista, o que, como amargamente aprendemos, não significa ser-se socialista, em termos práticos – e é homem de confiança do senhor engenheiro José Sócrates. Dizendo isto, estaria tudo dito. Dá-se o caso, no entanto, de a rapaziada ser bastante desatenta e, para além do mais, não ter condições de acesso a muita informação que por aí circula, mas que a generalidade da comunicação social esconde. Por isso, é preciso explicar quem é este eminente político, apanhado agora a surripiar uns gravadores aos incautos jornalistas que o entrevistavam.
Ricardo Rodrigues é aquele senhor irascível, muito dado a ataques de mau humor e a tentações censórias, que o PS designou para a Comissão de Ética da Assembleia da República, onde se esforça para que a verdade sobre as tentativas do seu partido controlar a comunicação social não seja apurada. É advogado e foi membro do governo regional dos Açores, do qual se demitiu na sequência do caso Farfalha, um escândalo de pedofilia que abalou a região. O seu nome, aliás, aparece envolvido em outras situações que deixam sérias dúvidas sobre a sua idoneidade e a sua competência. De facto, se como advogado nunca primou pelo sucesso, sendo até acusado de deixar «condenar estupidamente» clientes seus, como cidadão apareceu associado a processos nebulosos que muito deram que falar na sociedade açoriana. Foi a atribulada falência de um jornal do PS, em Ponta Delgada, e o processo dos milhões de euros desviados da Caixa Geral de Depósitos de Vila Franca do Campo, onde foi constituído arguido e, segundo José Maria Martins, que, como advogado, esteve no mesmo processo, «alguém se encarregou de o safar», contrariando a posição da Polícia Judiciária. Ao afirmar isto, José Maria Martins desafiou mesmo Ricardo Rodrigues a processá-lo, coisa que até agora – e que se saiba – não foi feito.
Ora, era precisamente sobre estas matérias que os jornalistas da revista Sábado estavam a questioná-lo quando o senhor deputado resolveu agarrar nos gravadores, metê-los no bolso e dar a conversa como acabada. O senhor deputado, para justificar o seu acto, disse que as perguntas constituíam uma «violência psicológica insuportável». Ficámos a saber que, na lógica dos socialistas – tal como, anteriormente, na lógica dos fascistas – os jornalistas não podem fazer perguntas que desagradem aos senhores entrevistados, sempre que os entrevistados sejam eles. E como, por enquanto, não se pode prendê-los, opta-se por lhes palmar os gravadores. Não basta não responder – ou, até, aproveitar o momento para esclarecer dúvidas, repor a verdade, desmontar boatos e limpar o nome. Nada disso. A solução é confiscar o material de gravação, metê-lo ao bolso… e por aqui me sirvo. Ficámos a saber, também, o que pensam os socialistas da liberdade de imprensa e do direito a informar e ser informado, já que a acção mereceu palmas e apoio incondicional dos seus correligionários e apaniguados.
Se o senhor deputado socialista tem caldinhos na sua vida – e não serão poucos, pelos vistos – e não quer ser questionado sobre eles, não se meta na vida pública, pois todos temos o direito de escrutinar a vida daqueles que ocupam lugares que exigem um passado limpo de qualquer mancha. A um deputado da nação exige-se uma vida transparente, e a comunicação social tem o direito – e o dever – de a passar a pente fino, não só para informar e esclarecer a opinião pública, como, também, para dar ao visado a oportunidade de demonstrar que é uma pessoa imaculada e digna de deter um cargo que foi obtido através do voto, e é pago por todos nós. O senhor deputado não quis – ou não pôde – mostrar-nos que é uma pessoa de bem. Ao invés – e como o seu acto atesta – deu-nos a entender que não é pessoa de princípios, nem de confiança. E, por acréscimo, que não prima pela estabilidade emocional nem pela inteligência.
Resumindo: está muito bem no PS.
Estava eu nestas cogitações, quando me chega a notícia que o distinto deputado foi nomeado para consultor do primeiro-ministro em matéria de segurança interna. Curioso, fui à procura de mais dados sobre o cavalheiro, tendo esbarrado com a informação de que também faz parte do Conselho Superior do Ministério Público. Cada vez mais interessado, vasculhei até me surpreender, a pontos de quase cair para o lado: sua excelência foi um dos obreiros, durante a legislatura passada, das alterações do Código Penal e de Processo Penal, dotando-os de artigos de protecção em matéria de investigação criminal a políticos. Ou, por palavras mais simples: domesticar a investigação criminal, subordinando-a ao poder político. A Lei deixou, pura e simplesmente, de ser igual para todos.
Portugal, conduzido pelo Partido Socialista, está à beira da falência. Mas no que respeita à decência é à ética, já faliu há muito tempo.
Como o senhor deputado Ricardo Rodrigues abundantemente testemunha.
(João Carlos Pereira)
Nasceu uma estrela no panorama da política nacional. Chama-se Ricardo Rodrigues e, entre várias especialidades, é perito em furtar gravadores a jornalistas. Como não podia deixar de ser, é socialista – dizendo melhor: é do Partido Socialista, o que, como amargamente aprendemos, não significa ser-se socialista, em termos práticos – e é homem de confiança do senhor engenheiro José Sócrates. Dizendo isto, estaria tudo dito. Dá-se o caso, no entanto, de a rapaziada ser bastante desatenta e, para além do mais, não ter condições de acesso a muita informação que por aí circula, mas que a generalidade da comunicação social esconde. Por isso, é preciso explicar quem é este eminente político, apanhado agora a surripiar uns gravadores aos incautos jornalistas que o entrevistavam.
Ricardo Rodrigues é aquele senhor irascível, muito dado a ataques de mau humor e a tentações censórias, que o PS designou para a Comissão de Ética da Assembleia da República, onde se esforça para que a verdade sobre as tentativas do seu partido controlar a comunicação social não seja apurada. É advogado e foi membro do governo regional dos Açores, do qual se demitiu na sequência do caso Farfalha, um escândalo de pedofilia que abalou a região. O seu nome, aliás, aparece envolvido em outras situações que deixam sérias dúvidas sobre a sua idoneidade e a sua competência. De facto, se como advogado nunca primou pelo sucesso, sendo até acusado de deixar «condenar estupidamente» clientes seus, como cidadão apareceu associado a processos nebulosos que muito deram que falar na sociedade açoriana. Foi a atribulada falência de um jornal do PS, em Ponta Delgada, e o processo dos milhões de euros desviados da Caixa Geral de Depósitos de Vila Franca do Campo, onde foi constituído arguido e, segundo José Maria Martins, que, como advogado, esteve no mesmo processo, «alguém se encarregou de o safar», contrariando a posição da Polícia Judiciária. Ao afirmar isto, José Maria Martins desafiou mesmo Ricardo Rodrigues a processá-lo, coisa que até agora – e que se saiba – não foi feito.
Ora, era precisamente sobre estas matérias que os jornalistas da revista Sábado estavam a questioná-lo quando o senhor deputado resolveu agarrar nos gravadores, metê-los no bolso e dar a conversa como acabada. O senhor deputado, para justificar o seu acto, disse que as perguntas constituíam uma «violência psicológica insuportável». Ficámos a saber que, na lógica dos socialistas – tal como, anteriormente, na lógica dos fascistas – os jornalistas não podem fazer perguntas que desagradem aos senhores entrevistados, sempre que os entrevistados sejam eles. E como, por enquanto, não se pode prendê-los, opta-se por lhes palmar os gravadores. Não basta não responder – ou, até, aproveitar o momento para esclarecer dúvidas, repor a verdade, desmontar boatos e limpar o nome. Nada disso. A solução é confiscar o material de gravação, metê-lo ao bolso… e por aqui me sirvo. Ficámos a saber, também, o que pensam os socialistas da liberdade de imprensa e do direito a informar e ser informado, já que a acção mereceu palmas e apoio incondicional dos seus correligionários e apaniguados.
Se o senhor deputado socialista tem caldinhos na sua vida – e não serão poucos, pelos vistos – e não quer ser questionado sobre eles, não se meta na vida pública, pois todos temos o direito de escrutinar a vida daqueles que ocupam lugares que exigem um passado limpo de qualquer mancha. A um deputado da nação exige-se uma vida transparente, e a comunicação social tem o direito – e o dever – de a passar a pente fino, não só para informar e esclarecer a opinião pública, como, também, para dar ao visado a oportunidade de demonstrar que é uma pessoa imaculada e digna de deter um cargo que foi obtido através do voto, e é pago por todos nós. O senhor deputado não quis – ou não pôde – mostrar-nos que é uma pessoa de bem. Ao invés – e como o seu acto atesta – deu-nos a entender que não é pessoa de princípios, nem de confiança. E, por acréscimo, que não prima pela estabilidade emocional nem pela inteligência.
Resumindo: está muito bem no PS.
Estava eu nestas cogitações, quando me chega a notícia que o distinto deputado foi nomeado para consultor do primeiro-ministro em matéria de segurança interna. Curioso, fui à procura de mais dados sobre o cavalheiro, tendo esbarrado com a informação de que também faz parte do Conselho Superior do Ministério Público. Cada vez mais interessado, vasculhei até me surpreender, a pontos de quase cair para o lado: sua excelência foi um dos obreiros, durante a legislatura passada, das alterações do Código Penal e de Processo Penal, dotando-os de artigos de protecção em matéria de investigação criminal a políticos. Ou, por palavras mais simples: domesticar a investigação criminal, subordinando-a ao poder político. A Lei deixou, pura e simplesmente, de ser igual para todos.
Portugal, conduzido pelo Partido Socialista, está à beira da falência. Mas no que respeita à decência é à ética, já faliu há muito tempo.
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Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 12/05/2010.
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