Com o país feito num trapo e entregue aos prestamistas que nos vão levar couro e cabelo, o governo decretou umas mini férias da Páscoa, que o senhor primeiro-ministro aproveitou para abalar para uma escapadinha num hotel de luxo, como convém a alguém com o seu estatuto social e económico. Gente rica é outra coisa. Este é bem um exemplo, entre muitos outros, da mentalidade tacanha, pacóvia e profundamente irresponsável do bando tresloucado e sem vergonha que nos governa há seis anos. É claro que a salvação do país não estava em ter-se evitado a tolerância de ponto de quinta-feira santa, mas com os homens do FMI cá dentro, bem podia Sócrates e a respectiva seita terem começado a mostrar que alguma coisa a crise lhes tinha ensinado. Os elementos da troika devem ter olhado uns para os outros e comentado: perceberam agora como tudo aconteceu?
Imagine-se uma casa de família onde chegam os credores para avaliar os bens existentes e estudar soluções que a salvem da falência absoluta, mas a quem o dono da casa, chegado o fim-de-semana, lhes diz: «estejam à vontade, vejam o que quiserem, a casa é vossa, que nós vamos estar fora uns dias. Ah!, é verdade: parece que ainda há duas latas de sardinha na despensa. Passem muito bem». Foi o que Sócrates fez.
Como passei a Páscoa em casa, fiquei-me pela televisão e, naturalmente, fui até aos canais desportivos para ver o que se ia passando. Dei com os olhos no estádio do Barcelona, a deitar por fora, mas o que me veio à ideia foi que aquele estádio já passou do meio século de vida – tem 54 anos – tal como o do Real Madrid, que tem 64. Contudo, os espanhóis já organizaram grandes competições internacionais de futebol, sem se terem metido nas loucuras em que nós, os mais pindéricos da Europa, nos metemos. Estádios novos, construímos oito: Benfica, Sporting, Porto, Braga, Coimbra, Leiria, Aveiro e Faro/Loulé. O número chega aos dez, se verificarmos que os estádios do Boavista e do Guimarães, sem terem sido construídos de raiz, a isso praticamente equivaleu.
Estes dois exemplos atestam a loucura, a irresponsabilidade criminosa e a vaidade congénita que estão no ADN da classe dirigente portuguesa. Se associarmos isso à mola detonadora de tudo o que é obra pública ou privada neste miserável país – e que é, muito singelamente, o que escorre para os bolsos dos mandantes de cada obra – temos os dados suficientes para perceber a quem estamos, há muito, entregues.
É deste ADN que o capital financeiro se aproveita para fazer de nós a rodilha que somos. Em vez de políticos sérios, patriotas, responsáveis, estadistas de corpo inteiro e dedicados ao povo e aos seus interesses, temos levado ao governo gente sem escrúpulos, aproveitadores infames do poder que lhes demos, irresponsáveis até à medula, desavergonhados das unhas dos pés à ponta dos cabelos. Um bando de criminosos, em suma. E – o que é assustador – parece que nos preparamos para mostrar ao mundo que continuamos a ser um refinando e contumaz bando de imbecis.
Mas não faz mal. O senhor engenheiro continua a poder ir de férias para hotéis de luxo, de vez em quando há um fim-de-semana prolongado e, principalmente, temos dez estádios de futebol lindíssimos.
Gente rica é outra coisa. Então não é?
Imagine-se uma casa de família onde chegam os credores para avaliar os bens existentes e estudar soluções que a salvem da falência absoluta, mas a quem o dono da casa, chegado o fim-de-semana, lhes diz: «estejam à vontade, vejam o que quiserem, a casa é vossa, que nós vamos estar fora uns dias. Ah!, é verdade: parece que ainda há duas latas de sardinha na despensa. Passem muito bem». Foi o que Sócrates fez.
Como passei a Páscoa em casa, fiquei-me pela televisão e, naturalmente, fui até aos canais desportivos para ver o que se ia passando. Dei com os olhos no estádio do Barcelona, a deitar por fora, mas o que me veio à ideia foi que aquele estádio já passou do meio século de vida – tem 54 anos – tal como o do Real Madrid, que tem 64. Contudo, os espanhóis já organizaram grandes competições internacionais de futebol, sem se terem metido nas loucuras em que nós, os mais pindéricos da Europa, nos metemos. Estádios novos, construímos oito: Benfica, Sporting, Porto, Braga, Coimbra, Leiria, Aveiro e Faro/Loulé. O número chega aos dez, se verificarmos que os estádios do Boavista e do Guimarães, sem terem sido construídos de raiz, a isso praticamente equivaleu.
Estes dois exemplos atestam a loucura, a irresponsabilidade criminosa e a vaidade congénita que estão no ADN da classe dirigente portuguesa. Se associarmos isso à mola detonadora de tudo o que é obra pública ou privada neste miserável país – e que é, muito singelamente, o que escorre para os bolsos dos mandantes de cada obra – temos os dados suficientes para perceber a quem estamos, há muito, entregues.
É deste ADN que o capital financeiro se aproveita para fazer de nós a rodilha que somos. Em vez de políticos sérios, patriotas, responsáveis, estadistas de corpo inteiro e dedicados ao povo e aos seus interesses, temos levado ao governo gente sem escrúpulos, aproveitadores infames do poder que lhes demos, irresponsáveis até à medula, desavergonhados das unhas dos pés à ponta dos cabelos. Um bando de criminosos, em suma. E – o que é assustador – parece que nos preparamos para mostrar ao mundo que continuamos a ser um refinando e contumaz bando de imbecis.
Mas não faz mal. O senhor engenheiro continua a poder ir de férias para hotéis de luxo, de vez em quando há um fim-de-semana prolongado e, principalmente, temos dez estádios de futebol lindíssimos.
Gente rica é outra coisa. Então não é?