Com quase toda a gente entretida com a algazarra da campanha eleitoral, aparentemente convencida que as eleições de 5 Junho se fazem para resolver os nossos problemas, não há espaço nem tempo para falar verdade. E a verdade é simples, mas brutal: as eleições são uma palhaçada. Saia quem sair vencedor, o nosso futuro está escrito e rescrito. Quem nos vai governar – como tem governado até aqui – são os donos do dinheiro. Sócrates, Passos Coelho ou Portas não passam de meros figurantes, os palhaços de serviço, cuja principal responsabilidade é entreter a malta e fazê-la acreditar que o voto serve para alguma coisa. É tudo cenário, é tudo uma patranha, é tudo uma falácia.
A lógica eleitoral do povo português é punir quem está a governar, ou votar no «clube» do seu coração. Por isso, cerca de 70% dos eleitores vai às urnas com o único propósito de se vingar ou, na melhor das hipóteses, dar a vitória às suas cores, querendo lá saber do que virá a seguir. Ganhe o seu clube – ou melhor: perca o clube do adversário –, e que se lixe o desemprego, a perda do poder de compra, a penhora da casinha, o filho que nunca mais tem vida própria, a fominha, a operação que não se pode fazer, a roupa que não se pode comprar, os estudos que têm que ser interrompidos. Ganhámos as eleições, está tudo bem.
É claro que entre Sócrates e Passos Coelho há diferenças. Sócrates é, acima de tudo, um intrujão desvairado; e Passos Coelho é, acima de tudo, um totó inconsistente. Já entre PS e PSD não há diferenças nenhumas, salvo nas palavras.
O PS finge que defende o estado social, mas só o tem destruído;
e o PSD nem se dá ao trabalho de fingir.
O PS finge que não quer privatizar tudo, mas jamais algum partido privatizou tanto como ele;
o PSD não está com meias medidas: quer privatizar o mesmo que o PS, mas não se importa de o confessar.
Para um e para outro, as necessidades das pessoas são, antes de tudo, uma fonte de receita para que tem nas mãos o que precisamos para viver. Do comprimido à água, da educação à reforma, da maternidade ao cemitério. Paulo Portas, no meio disto tudo, não passa de um contra-peso.
Agora, toda a gente sabe que vamos ser governados pelos donos do dinheiro. Aliás, eles gostam de nos governar sem que se note, como agora aconteceu, com a vinda da Troika. Eles preferem não ser vistos, nem ouvidos, nem falados. Para fazer o seu trabalho é que existem os governos. Só quando os governos se espalham ao comprido, como aconteceu por via das loucuras de Sócrates, é que eles são obrigados a pôr ordem na casa, não vá o diabo tecê-las.
Mas são eles que sempre nos governaram. Eles determinam os preços das matérias-primas e de todos os recursos naturais, os juros e o preço do nosso trabalho. Eles não podem admitir que os povos – e os países – possam viver sem ter que recorrer ao dinheiro deles. Para cúmulo, o dinheiro deles é – vejam bem – nada mais, nada menos, do que o nosso dinheiro. Porque o depositámos nos bancos, ou porque fomos nós, os trabalhadores, que criámos a riqueza que, depois, se traduz em notas de banco.
São eles que nos governam. Sócrates e Passos, não passam de meros palhaços. E, ainda por cima, péssimos palhaços.
E as eleições são mera palhaçada. E um suicídio.
Pelo menos, enquanto os portugueses votarem como têm votado.
A lógica eleitoral do povo português é punir quem está a governar, ou votar no «clube» do seu coração. Por isso, cerca de 70% dos eleitores vai às urnas com o único propósito de se vingar ou, na melhor das hipóteses, dar a vitória às suas cores, querendo lá saber do que virá a seguir. Ganhe o seu clube – ou melhor: perca o clube do adversário –, e que se lixe o desemprego, a perda do poder de compra, a penhora da casinha, o filho que nunca mais tem vida própria, a fominha, a operação que não se pode fazer, a roupa que não se pode comprar, os estudos que têm que ser interrompidos. Ganhámos as eleições, está tudo bem.
É claro que entre Sócrates e Passos Coelho há diferenças. Sócrates é, acima de tudo, um intrujão desvairado; e Passos Coelho é, acima de tudo, um totó inconsistente. Já entre PS e PSD não há diferenças nenhumas, salvo nas palavras.
O PS finge que defende o estado social, mas só o tem destruído;
e o PSD nem se dá ao trabalho de fingir.
O PS finge que não quer privatizar tudo, mas jamais algum partido privatizou tanto como ele;
o PSD não está com meias medidas: quer privatizar o mesmo que o PS, mas não se importa de o confessar.
Para um e para outro, as necessidades das pessoas são, antes de tudo, uma fonte de receita para que tem nas mãos o que precisamos para viver. Do comprimido à água, da educação à reforma, da maternidade ao cemitério. Paulo Portas, no meio disto tudo, não passa de um contra-peso.
Agora, toda a gente sabe que vamos ser governados pelos donos do dinheiro. Aliás, eles gostam de nos governar sem que se note, como agora aconteceu, com a vinda da Troika. Eles preferem não ser vistos, nem ouvidos, nem falados. Para fazer o seu trabalho é que existem os governos. Só quando os governos se espalham ao comprido, como aconteceu por via das loucuras de Sócrates, é que eles são obrigados a pôr ordem na casa, não vá o diabo tecê-las.
Mas são eles que sempre nos governaram. Eles determinam os preços das matérias-primas e de todos os recursos naturais, os juros e o preço do nosso trabalho. Eles não podem admitir que os povos – e os países – possam viver sem ter que recorrer ao dinheiro deles. Para cúmulo, o dinheiro deles é – vejam bem – nada mais, nada menos, do que o nosso dinheiro. Porque o depositámos nos bancos, ou porque fomos nós, os trabalhadores, que criámos a riqueza que, depois, se traduz em notas de banco.
São eles que nos governam. Sócrates e Passos, não passam de meros palhaços. E, ainda por cima, péssimos palhaços.
E as eleições são mera palhaçada. E um suicídio.
Pelo menos, enquanto os portugueses votarem como têm votado.
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 25/05/2011.