Ao fim de seis meses de bombardeamentos selvagens e de raids diários contra alvos civis, os bandos de imundos mercenários, armados e sustentados pelas potências ocidentais, sob a bandeira da NATO, tomaram Tripoli. Pagos – repito – pelas potências ocidentais (o que significa, note-se bem: por todos nós), esses bandos, apelidados de «rebeldes», cujo principal trabalho foi saltar e uivar, debitar alarvidades num inglês melhor que o de Sócrates e disparar a torto e a direito contra inimigos que jamais alguém viu, sempre que lhes aparecia pela frente uma câmara de televisão das – claro – potências ocidentais, podem agora dedicar-se ao saque e à pilhagem mais desenfreada, no intervalo das execuções de todos os que não se verguem à sua bestialidade. Não alinhar com o invasor – ou seja: as potências ocidentais que os bombardearam – é pena de morte garantida.
A Líbia está, então, reduzida a um monte de escombros, resultante de meio ano de bombardeamentos indiscriminados, levados a cabo através de mais de 8.000 raids de caças-bombardeiros e helicópteros artilhados, pertença das humaníssimas e democratíssimas potências ocidentais, enquanto, no terreno, infestado de agentes da CIA e do MI6 britânico, a jagunçada tinha nas mãos o mais inconcebível material bélico que alguma vez alguma organização rebelde, em qualquer época, e em qualquer parte do mundo, conseguiu deter.
No meio disto tudo, não sei o que me enoja mais. Se a brutalidade de uma guerra não declarada, de cariz colonial, mas de contornos, nos argumentos e na selvajaria, tipicamente nazis – outra vez o espaço vital, os interesses vitais, os poços de petróleo, as reservas monetárias e financeiras depositados em bancos das potências ocidentais, que, no meio da crise que as avassala, caem agora que nem ginjas, e os grandes negócios da reconstrução da Líbia –, se o cinismo dos argumentos utilizados para justificar uma guerra de pura e infame pilhagem: «Salvar vidas».
Não era tão feio assumir: Queremos a Líbia, como quisemos o Iraque, como havemos de querer o Irão. Como queremos o mundo inteiro sob a nossa pata!
Dêem-me um tiro. Prendam-me sob as acusações que quiserem – a de terrorista, se assim o entenderem. Mas deixem-me dizer-vos isto:
Vocês enojam-me!
A Líbia está, então, reduzida a um monte de escombros, resultante de meio ano de bombardeamentos indiscriminados, levados a cabo através de mais de 8.000 raids de caças-bombardeiros e helicópteros artilhados, pertença das humaníssimas e democratíssimas potências ocidentais, enquanto, no terreno, infestado de agentes da CIA e do MI6 britânico, a jagunçada tinha nas mãos o mais inconcebível material bélico que alguma vez alguma organização rebelde, em qualquer época, e em qualquer parte do mundo, conseguiu deter.
No meio disto tudo, não sei o que me enoja mais. Se a brutalidade de uma guerra não declarada, de cariz colonial, mas de contornos, nos argumentos e na selvajaria, tipicamente nazis – outra vez o espaço vital, os interesses vitais, os poços de petróleo, as reservas monetárias e financeiras depositados em bancos das potências ocidentais, que, no meio da crise que as avassala, caem agora que nem ginjas, e os grandes negócios da reconstrução da Líbia –, se o cinismo dos argumentos utilizados para justificar uma guerra de pura e infame pilhagem: «Salvar vidas».
Não era tão feio assumir: Queremos a Líbia, como quisemos o Iraque, como havemos de querer o Irão. Como queremos o mundo inteiro sob a nossa pata!
Dêem-me um tiro. Prendam-me sob as acusações que quiserem – a de terrorista, se assim o entenderem. Mas deixem-me dizer-vos isto:
Vocês enojam-me!
(João Carlos Pereira)