quarta-feira, 3 de agosto de 2011

MAS QUE CHATICE!

Nem pensaram duas vezes. Uma bomba, duas bombas, mesmo no coração da capital da Noruega. Mais uma acção terrorista da Al Qaeda! Algum tempo depois, a acção terrorista estende-se a uma ilha onde estavam centenas de jovens. Várias dezenas morrem, vítimas dos terroristas. Mas onde é que estão os terroristas? Alguém viu por aí alguém de pele escura, bigode negro e ar de fanático? Nem um!

Afinal, o «terrorista» é branco, louro e de olhos claros. E não é da Al Qaeda. É cristão, civilizado e andou por partidos da extrema-direita. É xenófobo confesso e outras coisas igualmente civilizadas. Mas que grande chatice!




E, de repente, os atentados na Noruega deixaram de ser acções terroristas, e passaram a ser atentados da extrema-direita. Um dia depois, embora envergonhadamente – e muito de raspão – os atentados voltaram e merecer o epíteto de terroristas. Mas não é bem aquele terrorismo verdadeiramente terrorista, não sei se me estão a perceber.

Então, está bem. Quando as mortes são provocadas por gente de pele clara e de olhos azuis, a coisa já não é assim tão grave. Pelo menos, de terror tem apenas uns pós. Os árabes, a quem os brancos civilizados e judaico-cristãos se fartam de roubar – água, terra, casas, petróleo, vida, liberdade, direitos humanos, futuro e Vida – é que são terroristas se responderem com as armas que têm, que muitas vezes são constituídas pelo próprio corpo.

Uma horas antes dos atentados de Oslo, na Líbia, terra de gente escura, sete explosões fizeram-se ouvir durante a noite (que linda maneira de dizer bombardeamentos!), em zona residencial onde era suposto estar Kadaffi. Aqui, não há terror nenhum. Quando as explosões não são provocadas por um carro armadilhado, ou por explosivos amarrados à cintura, mas por sofisticados aviões da NATO, tudo é perfeitamente legítimo e, principalmente, democrático. E o sangue, ossos e carne espalhados em virtude das explosões, são, apenas «efeitos especiais» - perdão: efeitos colaterais. Aconteceu, paciência. Vítimas? Se houve, eram todas escuras…

Por outras palavras: As bombas brancas, são coisas boas e necessárias; as bombas escuras, são coisas terríveis. O sangue dos brancos, é mesmo sangue; o sangue dos escuros, é um líquido avermelhado e viscoso. Os brancos, podem sempre bombardear os escuros; os escuros são terroristas, se bombardearem os brancos E, principalmente: os brancos podem sempre ir à terra dos escuros buscar as coisas engraçadas que eles têm lá. Chama-se a isso desenvolvimento, progresso e, muitas vezes, ajuda humanitária.

Eu gosto muito de ser branquinho. Isto é: de pertencer a uma sociedade civilizada, cristã, democrática, honradíssima e respeitadora dos direitos humanos.

Não temos culpa é de sermos humanos de primeira qualidade, não é verdade?




(João Carlos Pereira)



Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 03/08/2011.

3 comentários:

Anónimo disse...

Um serial killer é sempre um serial killer em qq país, em qq região do globo... fico triste por o senhor ficar contente... por ter sido um noruegues... acho que é a maior das parvoices fazer aproveitamento politico de um facto como este. Depois vir defender os eu amigo Kadhafi... então está td dito sobre a sua mentalidade comunista!!

Monte Cristo disse...

Um parvo, é um parvo. Aqui, na Noruega, na Palestina ou na Patagónia.

1 - Quem meteu a pata na poça, imputando logo o atentado à al Quaeda, não foi eu. Foi a amestradíssima comunicação social ocidental.

2 - Não sei onde, ou quando, manifestei alegria pelo atentado de Oslo. Provavelmente, tu, ó não sei quantos, é que manifestas alegrias quando as democráticas bombas da NATO pulverizam a torto e a direito.

3 - Quanto a Kadafi, que de comunista não me consta que tenha algo, andou aos beijinhos a Sócrates, Obama e Sarkozi. Seria o mesmo Kadifi, ó não sei quantos?

4 - Sabes, ó não sei quantos, do que é que eu não gosto? É de ver os branquinhos a pensarem que têm o direito de tratar os «povos inferiores» como querem e lhes apetece. E, principalmente, de lhes pilharem as riquezas naturais.

Mas está bem. Eu já sabia que a mentalidade nazi não morreu em Nurembrega.

Heil, ó não sei quantos! Vomita sempre.

Anónimo disse...

Só isso é que tem para dizer? Que reles... agora vem com a velha canção de quem não concorda consigo é fascista!! Já não pega velho tonto!!