quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MARIA ANTONIETA TAMBÉM ERA



Conta-se que alguém informou sua majestade, Maria Antonieta, rainha de França, que o povo já não tinha pão para comer, ao que ela respondeu: Não têm pão? Comam brioches.

Há muito que se diz que daqui a uns anos não há dinheiro para pagar reformas. Não percebo muito bem o que é que os democratas do PS, PSD e CDS andaram a fazer, pois antes de eles tomarem conta cá da lixeira, nunca a questão se tinha posto. Não só as reformas estavam mais do que garantidas, como eram aumentadas todos os anos. Há quem diga que o objectivo é obrigar os contribuintes a comprarem seguros a empresas privadas, o que não quer dizer que deixem de descontar. Claro que, depois, essas empresas – bancos, seguradoras e outras entidades financeiras – quando os senhores governantes acabaram o seu turno à sangria do Zé, têm lugar assegurado nas respectivas administrações ou a nível de direcção. E os seus familiares mais directos.

Quem parece que vai descontar menos, são os patrões. Fala-se na redução da sua contribuição para a segurança social, o que seria compensado com o aumento do IVA. Ou seja: eu continuo a descontar o que já desconto, o patrão passa a descontar menos, mas a coisa resolve-se, porque eu passo a pagar mais caro tudo aquilo que preciso de comprar. Belo negócio!

Quem já fez contas, diz que é o sector financeiro – bancos e naturalmente, as seguradoras – que mais vai beneficiar desta belíssima falcatrua legal. Pois quem havia de ser? O mais engraçado, é que eles dizem que isto é para aumentar a competitividade, o que levaria ao aumento das exportações. O que é que os bancos exportam? Notas? Talões de depósito? Falcatruas? E as seguradoras? Apólices? Participações de sinistro? Falcatruas? Ao que isto vai levar, sei eu bem: é ao aumento daquilo que o grande patronato mete ao bolso: lucros. E, também, ao aumento do desemprego, pois se o IVA aumenta, eu que já só gasto no essencial, depois ainda vou cortar mais nas despesas. Se eu compro menos, vende-se menos, produz-se menos, e lá volta a coisa a agravar-se, com mais falências, menos receita fiscal e mais encargos sociais com os desempregados. E mais criminalidade.

Até que a malta, desvairada, venha para a rua partir montras e pilhar estabelecimentos. Mas aí já serão os criminosos a fazer das suas. Os madraços, os parasitas sociais e gente dessa.

As políticas – e os políticos –, por muito que matem e triturem aqueles que não têm culpa alguma nas crises, esses, nunca são criminosas.

Os senhores políticos, os senhores banqueiros, os senhores administradores, enfim, os senhores alcaides, barões, condes, marqueses, duques e reizinhos dos tempos que correm, são sempre pessoas de bem.

Maria Antonieta também era.




(João Carlos Pereira)



Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 24/08/2011.


6 comentários:

Anónimo disse...

No Seixal as autarquias dão-nos mais os circos das festas populares... não há pão ... há circo!! E tu fazes de palhaço para distraires as mentes adormecidas! Se gostas tanto de comunismo pq não vais para a Rússia?!

Anónimo disse...

E voçê se gosta tanto de ditadura porque nao vai para a pkeop!!!

joaocarlos42@gmail.com disse...

Qualquer destes dois comentários é um espelho dos índices intelectuais e culturais do povo português. Dos que ainda votam, cerca de 70% são desta espécie.

Na verdade, até as peixeiras do Bulhão têm mais categoria.

Anónimo disse...

Sem ofensa para as peixeiras, já se vê.

Mas, caro João Carlos:

Não veja tudo da mesma maneira e não confunda os 70% com gente desta.
Os tais 70% podem pensar de maneira diferente da sua, mas deve respeitá-los tal como o respeitam a si.

Eu sou seu leitor assíduo e até concordo com muitas das suas crónicas e comungo de alguns dos seus pontos de vista, pelo que não deve meter tudo no mesmo saco.

Anónimo disse...

Eu sei que, felizmente para mim, os tais 70% não pensam como eu (os que pensam). Mas que não pensam lá grande coisa, prova-se pela situação a que chegámos.

Ou será que uma coisa não tem a ver com a outra? Que a relação causa/efeito não se aplica neste caso?

Não quer pensar melhor no assunto? Está cá a parecer-me que também tem culpas nop cartório. Também votou neles, não foi?

joaocarlos42@gmail.com disse...

Esqueci-me de assinar.

João Carlos Pereira