No tempo da ditadura, e durante muitos anos, houve um só canal de televisão. As emissões, inicialmente, abriam às 20 horas e encerravam antes da meia-noite. Aos sábados e aos domingos, se bem me lembro, o horário era um pouco mais alargado. E, como é sabido, havia a Censura. Todos os conteúdos – mas todos – eram ferreamente controlados pelos coronéis da tesoura e do lápis azul. Nada se emitia que não agradasse ao senhor de Santa Comba Dão. O regime era acusado de ser obscurantista, de querer manter os portugueses na ignorância, de não privilegiar a cultura como bem de consumo geral e comum.
Porém, guardo desses anos da minha juventude recordações inapagáveis de certos programas televisivos que, sem a menor dúvida, contribuíram para construir o homem que sou hoje. Muito do que tenho de melhor nasceu do que vi e ouvi, nessa altura, entre as 9 e as 11 da noite, no pequeno ecrã a preto e branco. Nasceu das sementes que alguns desses programas lançavam e que germinaram no meu espírito, abrindo-o para valores culturais e estéticos que se tornaram parte integrante de mim.
E – volto a referi-lo – na altura, o tempo de emissão era reduzidíssimo e só havia um canal. Isto quer dizer que o chamado horário nobre de hoje corresponde, praticamente, à totalidade do horário de então. Tudo era, nessa altura, horário nobre.
Mas que maravilhas, nesse caso, apresentava a terrível e paupérrima televisão fascista, a pontos de um homem antifascista, como me prezo de ser, vir aqui louvá-las?, pensarão os incrédulos ouvintes. Começo por dizer que, sendo antifascista, tento ser lúcido e honesto comigo e com os outros, ainda que isso me possa valer algumas sobrancelhas franzidas e, mesmo, algumas cuspidelas alvares. E é precisamente por tentar ser lúcido e honesto que sei que nenhum regime, seja ele qual for, só produz coisas boas, ou coisas más. Se a democracia é, por assim dizer, o oposto do fascismo, devemos concluir que tudo o que ela dá à luz é maravilhoso? Será que a democracia só produz prodígios? Que os democratas não roubam, não corrompem, não mentem, não censuram? Que os democratas são paradigmas de inteligência, de devoção à causa pública, de méritos e virtudes intocáveis? Sabemos que não, e o recente consulado de Sócrates é bem a prova disso. Nem nos tempos do fascismo me lembro de ter sido governado por trapalhões maiores, por gente tão sem escrúpulos, por trapaceiros tão assumidos, por mentes tão retorcidas e tão sem mérito. Por seres menores, a que só os turvos meandros partidários conseguiram dar relevo.
Digo isto em elogio ao fascismo? Não! Digo isto como um libelo a esta falsa democracia, que outra coisa não é para além de um coito de saqueadores de tudo o que o povo produz, espalhados por tudo o que é estrutura democrática ou edifício financeiro, dos bancos às autarquias, dos governos aos grandes empreiteiros.
Digo isto, porque é preciso compreender que a televisão dos tempos do fascismo não era só um caixote de coisas pútridas e nefandas, de pura manipulação ideológica. E digo mais, sem medo de morder a língua ou que me chamem mentiroso. Não existe hoje, na nossa televisão, em horário nobre, em qualquer canal que eu conheça, nenhum programa de índole cultural e carácter formativo como os que eu, avidamente, consumia nos tempos da outra senhora. Querem exemplos, querem? Aqui vão eles.
Entre 1958 e 1961, em pleno salazarismo, havia um programa que ainda hoje é considerado um dos melhores de sempre. Chamava-se Charlas Linguísticas, e era produzido e apresentado pelo padre Raul Machado. De forma simples e cativante, Raul Machado limitava-se a ensinar os portugueses a dizer e a escrever. Com ele – ao ouvi-lo – milhares de portugueses aprenderam a expressar-se melhor e adquiriram gosto pela língua materna. Falar, ler e escrever deixou de ser uma confusão ou um suplício, para começar a ser um prazer e um hábito. Com Raul Machado se consolidou o meu gosto pela palavra escrita e falada. Existe algo parecido hoje em dia? E não me digam que não é preciso, pois eu bem vejo o português que por aí se fala e escreve, a começar pelos próprios locutores e escrevinhadores de textos para a TV.
E de João Villaret, alguém ouviu falar? Pois este actor, declamador e encenador português, aparecia, aos domingos, em horário nobre – pois claro – falando de poesia e de poetas, de teatro e de actores, contando-nos histórias pitorescas desse mundo, declamando os nossos maiores poetas, com um saber, uma graça e uma capacidade de comunicação que já não se usa. Tudo isto nos anos 50, vejam bem…
Mas havia mais. Falo-vos, agora, de um escritor e professor universitário que se licenciou em Filologia Românica, em 1951. Foi professor do ensino técnico e do ensino liceal e, em 1957, iniciou a sua carreira de professor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa, actividade da qual foi afastado, por motivos políticos, entre 1963 e 1970. No entanto, manteve, nos anos 60, programas culturais de rádio e televisão. Lembro-me do prazer que era vê-lo e ouvi-lo falar-nos de literatura e de outros temas culturais, sempre com uma capacidade de comunicação invulgar, fazendo de cada programa um oásis de tranquila emoção, findo o qual nos sentíamos melhor apetrechados para entender a vida. Querem o nome? Ele aqui vai: David Mourão-Ferreira.
Deixemos a língua portuguesa e a literatura, e passemos a uma linguagem mais universal. Sabem a que devo, em grande parte, a minha paixão pela grande música? A um homem chamado João de Freitas Branco. Foi um dos nossos maiores musicólogos. Com 22 anos, iniciou funções de assistente de programas musicais na Emissora Nacional. Tendo concluído nesse mesmo ano a Licenciatura em Ciências Matemáticas, participou no grupo de investigação matemática dirigido por Rui Luís Gomes. Em 1948 fez parte do grupo que fundou a Juventude Musical Portuguesa. Em 1956 criou o programa de rádio O Gosto pela Música, na Emissora Nacional, que durou 29 anos, sem interrupção. Aparecia na RTP falando sobre a grande música, explicando-a, como quem nos oferece um bem de valor incalculável. A sua presença amiga, serena e de irradiante simpatia, era esperada, todas as semanas, como a de um amigo muito estimado.
Ainda sobre música, tínhamos as gravações dos Concertos para jovens, de Leonard Bernstein, dissecando os segredos da música e tornando-a compreensível – e apetecível – para todos. Novos e velhos.
Outro programa que nunca perdia, chamava-se António Pedro fala sobre teatro. Quem foi António Pedro? Dizia que era uma alma irrequieta em busca do Teatro. Começou por ser director do Teatro Apolo (Lisboa), mas o seu envolvimento completo com a actividade teatral revelou-se no Teatro Experimental do Porto, como director, além de dramaturgo e figurinista, tendo-se tornado, na acepção moderna do termo, o primeiro encenador português. Aparecia semanalmente na RTP desbravando os segredos e as curiosidades da arte teatral, alargando os nossos horizontes culturais e, acima de tudo – tal como os outros nomes que já aqui citei – criando em nós o gosto pelo conhecimento, pela comunicação e pela necessidade de aprendermos sempre – e cada vez mais.
Não posso sair desta viagem pelo passado sem me referir a outra grande figura da RTP de antes de 25 de Abril. Não digo a maior – porque, para mim, todos se equivaleram na capacidade de me dar algo que fez de mim alguém melhor – mas aquela que se destacou pela sua peculiar forma de comunicar. Vitorino Nemésio e o seu inesquecível Se bem me lembro. Ele começava a falar e nós calávamo-nos. Embarcávamos com ele num tempo e num espaço de pura magia, fosse pela história ou situação relatadas, fosse pela forma de dizer, fosse pelos locais aonde nos conduzia.
Se bem me lembro, estes foram os melhores programas que alguma vez a televisão me ofereceu.
E o que temos hoje, 24 horas por dia? A estupidificação absoluta. A alienação total. A alarvice completa. A imbecilidade a cores, aos saltos e aos gritinhos. A pimbalhada como instrumento cultural. As gargalhadas idiotas por cada idiotice que se vomita. As coxas e os seios das sirigaitas que apresentam as barafundas, servidos em doses industriais, no meio de sorrisos de plástico e piadas lorpas. Os concursos patetas, mal copiados dos estrangeiros, apresentados por uns tipos muito galhofeiros, sempre de dentolas à mostra, convencidos de que são as estrelas da companhia Os serviços informativos ao serviço de sua excelência, o presidente do concelho em funções, tal como antigamente. E, tal como antigamente, a apologia do primado do capital sobre o trabalho. E muito futebol. E muitos filmes com muitas bombas, cataclismos, sangue, pornografia e outras orgias afins, sejam de sexo sejam de destruição em massa. E mais pernas e seios e sexo. E carros pelos ares, no meio de perseguições sempre iguais. E tudo isto entremeado com mais pimbas, que é uma coisa feita de música quadrada, a martelo, com letras ridículas, lamechas e pirosas. E mais risos e gritinhos e piadas obtusas, a que só eles acham graça. Eles e o público contratado para dar uns uivos lá atrás, como agora se usa muito.
E, para compor o quadro, painéis de comentadores escolhidos a dedo, para nos explicarem que este é o melhor dos mundos. Ou seja: para que aceitemos, de cara alegre o programa de estupidificação em curso.
Então, se os «outros» eram obscurantistas, inimigos do saber e da cultura, e por aí fora – e eram – «estes» são o quê? Vá, digam-me lá o que são estes.
Não sei como acabar isto sem um enorme palavrão. Não o digo, mas estou a pensá-lo. Pensem-no vocês também.
E por aqui me fico.
Porém, guardo desses anos da minha juventude recordações inapagáveis de certos programas televisivos que, sem a menor dúvida, contribuíram para construir o homem que sou hoje. Muito do que tenho de melhor nasceu do que vi e ouvi, nessa altura, entre as 9 e as 11 da noite, no pequeno ecrã a preto e branco. Nasceu das sementes que alguns desses programas lançavam e que germinaram no meu espírito, abrindo-o para valores culturais e estéticos que se tornaram parte integrante de mim.
E – volto a referi-lo – na altura, o tempo de emissão era reduzidíssimo e só havia um canal. Isto quer dizer que o chamado horário nobre de hoje corresponde, praticamente, à totalidade do horário de então. Tudo era, nessa altura, horário nobre.
Mas que maravilhas, nesse caso, apresentava a terrível e paupérrima televisão fascista, a pontos de um homem antifascista, como me prezo de ser, vir aqui louvá-las?, pensarão os incrédulos ouvintes. Começo por dizer que, sendo antifascista, tento ser lúcido e honesto comigo e com os outros, ainda que isso me possa valer algumas sobrancelhas franzidas e, mesmo, algumas cuspidelas alvares. E é precisamente por tentar ser lúcido e honesto que sei que nenhum regime, seja ele qual for, só produz coisas boas, ou coisas más. Se a democracia é, por assim dizer, o oposto do fascismo, devemos concluir que tudo o que ela dá à luz é maravilhoso? Será que a democracia só produz prodígios? Que os democratas não roubam, não corrompem, não mentem, não censuram? Que os democratas são paradigmas de inteligência, de devoção à causa pública, de méritos e virtudes intocáveis? Sabemos que não, e o recente consulado de Sócrates é bem a prova disso. Nem nos tempos do fascismo me lembro de ter sido governado por trapalhões maiores, por gente tão sem escrúpulos, por trapaceiros tão assumidos, por mentes tão retorcidas e tão sem mérito. Por seres menores, a que só os turvos meandros partidários conseguiram dar relevo.
Digo isto em elogio ao fascismo? Não! Digo isto como um libelo a esta falsa democracia, que outra coisa não é para além de um coito de saqueadores de tudo o que o povo produz, espalhados por tudo o que é estrutura democrática ou edifício financeiro, dos bancos às autarquias, dos governos aos grandes empreiteiros.
Digo isto, porque é preciso compreender que a televisão dos tempos do fascismo não era só um caixote de coisas pútridas e nefandas, de pura manipulação ideológica. E digo mais, sem medo de morder a língua ou que me chamem mentiroso. Não existe hoje, na nossa televisão, em horário nobre, em qualquer canal que eu conheça, nenhum programa de índole cultural e carácter formativo como os que eu, avidamente, consumia nos tempos da outra senhora. Querem exemplos, querem? Aqui vão eles.
Entre 1958 e 1961, em pleno salazarismo, havia um programa que ainda hoje é considerado um dos melhores de sempre. Chamava-se Charlas Linguísticas, e era produzido e apresentado pelo padre Raul Machado. De forma simples e cativante, Raul Machado limitava-se a ensinar os portugueses a dizer e a escrever. Com ele – ao ouvi-lo – milhares de portugueses aprenderam a expressar-se melhor e adquiriram gosto pela língua materna. Falar, ler e escrever deixou de ser uma confusão ou um suplício, para começar a ser um prazer e um hábito. Com Raul Machado se consolidou o meu gosto pela palavra escrita e falada. Existe algo parecido hoje em dia? E não me digam que não é preciso, pois eu bem vejo o português que por aí se fala e escreve, a começar pelos próprios locutores e escrevinhadores de textos para a TV.
E de João Villaret, alguém ouviu falar? Pois este actor, declamador e encenador português, aparecia, aos domingos, em horário nobre – pois claro – falando de poesia e de poetas, de teatro e de actores, contando-nos histórias pitorescas desse mundo, declamando os nossos maiores poetas, com um saber, uma graça e uma capacidade de comunicação que já não se usa. Tudo isto nos anos 50, vejam bem…
Mas havia mais. Falo-vos, agora, de um escritor e professor universitário que se licenciou em Filologia Românica, em 1951. Foi professor do ensino técnico e do ensino liceal e, em 1957, iniciou a sua carreira de professor universitário na Faculdade de Letras de Lisboa, actividade da qual foi afastado, por motivos políticos, entre 1963 e 1970. No entanto, manteve, nos anos 60, programas culturais de rádio e televisão. Lembro-me do prazer que era vê-lo e ouvi-lo falar-nos de literatura e de outros temas culturais, sempre com uma capacidade de comunicação invulgar, fazendo de cada programa um oásis de tranquila emoção, findo o qual nos sentíamos melhor apetrechados para entender a vida. Querem o nome? Ele aqui vai: David Mourão-Ferreira.
Deixemos a língua portuguesa e a literatura, e passemos a uma linguagem mais universal. Sabem a que devo, em grande parte, a minha paixão pela grande música? A um homem chamado João de Freitas Branco. Foi um dos nossos maiores musicólogos. Com 22 anos, iniciou funções de assistente de programas musicais na Emissora Nacional. Tendo concluído nesse mesmo ano a Licenciatura em Ciências Matemáticas, participou no grupo de investigação matemática dirigido por Rui Luís Gomes. Em 1948 fez parte do grupo que fundou a Juventude Musical Portuguesa. Em 1956 criou o programa de rádio O Gosto pela Música, na Emissora Nacional, que durou 29 anos, sem interrupção. Aparecia na RTP falando sobre a grande música, explicando-a, como quem nos oferece um bem de valor incalculável. A sua presença amiga, serena e de irradiante simpatia, era esperada, todas as semanas, como a de um amigo muito estimado.
Ainda sobre música, tínhamos as gravações dos Concertos para jovens, de Leonard Bernstein, dissecando os segredos da música e tornando-a compreensível – e apetecível – para todos. Novos e velhos.
Outro programa que nunca perdia, chamava-se António Pedro fala sobre teatro. Quem foi António Pedro? Dizia que era uma alma irrequieta em busca do Teatro. Começou por ser director do Teatro Apolo (Lisboa), mas o seu envolvimento completo com a actividade teatral revelou-se no Teatro Experimental do Porto, como director, além de dramaturgo e figurinista, tendo-se tornado, na acepção moderna do termo, o primeiro encenador português. Aparecia semanalmente na RTP desbravando os segredos e as curiosidades da arte teatral, alargando os nossos horizontes culturais e, acima de tudo – tal como os outros nomes que já aqui citei – criando em nós o gosto pelo conhecimento, pela comunicação e pela necessidade de aprendermos sempre – e cada vez mais.
Não posso sair desta viagem pelo passado sem me referir a outra grande figura da RTP de antes de 25 de Abril. Não digo a maior – porque, para mim, todos se equivaleram na capacidade de me dar algo que fez de mim alguém melhor – mas aquela que se destacou pela sua peculiar forma de comunicar. Vitorino Nemésio e o seu inesquecível Se bem me lembro. Ele começava a falar e nós calávamo-nos. Embarcávamos com ele num tempo e num espaço de pura magia, fosse pela história ou situação relatadas, fosse pela forma de dizer, fosse pelos locais aonde nos conduzia.
Se bem me lembro, estes foram os melhores programas que alguma vez a televisão me ofereceu.
E o que temos hoje, 24 horas por dia? A estupidificação absoluta. A alienação total. A alarvice completa. A imbecilidade a cores, aos saltos e aos gritinhos. A pimbalhada como instrumento cultural. As gargalhadas idiotas por cada idiotice que se vomita. As coxas e os seios das sirigaitas que apresentam as barafundas, servidos em doses industriais, no meio de sorrisos de plástico e piadas lorpas. Os concursos patetas, mal copiados dos estrangeiros, apresentados por uns tipos muito galhofeiros, sempre de dentolas à mostra, convencidos de que são as estrelas da companhia Os serviços informativos ao serviço de sua excelência, o presidente do concelho em funções, tal como antigamente. E, tal como antigamente, a apologia do primado do capital sobre o trabalho. E muito futebol. E muitos filmes com muitas bombas, cataclismos, sangue, pornografia e outras orgias afins, sejam de sexo sejam de destruição em massa. E mais pernas e seios e sexo. E carros pelos ares, no meio de perseguições sempre iguais. E tudo isto entremeado com mais pimbas, que é uma coisa feita de música quadrada, a martelo, com letras ridículas, lamechas e pirosas. E mais risos e gritinhos e piadas obtusas, a que só eles acham graça. Eles e o público contratado para dar uns uivos lá atrás, como agora se usa muito.
E, para compor o quadro, painéis de comentadores escolhidos a dedo, para nos explicarem que este é o melhor dos mundos. Ou seja: para que aceitemos, de cara alegre o programa de estupidificação em curso.
Então, se os «outros» eram obscurantistas, inimigos do saber e da cultura, e por aí fora – e eram – «estes» são o quê? Vá, digam-me lá o que são estes.
Não sei como acabar isto sem um enorme palavrão. Não o digo, mas estou a pensá-lo. Pensem-no vocês também.
E por aqui me fico.
(João Carlos Pereira)
Lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 22/07/2009.
(Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00).
8 comentários:
Sr. José Carlos Pereira, admiro as suas provocações e apesar de algumas vezes não concordar com elas, sei que estou diante de um homem com princípios e de uma elevada honestidade. Concordo que o que se passa hoje na TV nacional é humilhante para a cultura e história de Portugal. Apesar de pouco vista, a RTP 2 ainda vai apresentando alguns programas educativos. Um exemplo é "A Alma e a Gente" apresentado por José Hermano Saraiva, programa que dispensa qualquer apresentação. Continue que tem aqui um ouvinte assíduo. Obrigado
Vamos remando contra a maré, meu amigo. Na certeza de que esta maré, alcunhada de «democrática», é mais perigosa e perversa do que a outra, que não andava mascarada.
Na verdade, nunca uma programação generalista foi tão estúpida (propositadamente estúpida) e tão alienante, Tão repulsiva, em suma. Enfim, é o tempo dos medíocres e dos que deles fazem seus instrumentos, em substituição dos antigos censores. Hoje, os censores do audiovisual são os comentadores encartados, os fazedores de opinião, os directores de programas. Não cortam, não batem, não prendem. Executam. É a censura e a manipulação tipo 2 em 1. Não cortam a raiz ao pensamento, porque nem o deixam nascer - ou fazem-no nascer à sua maneira.
Meu caro amigo
Pelo menos podemos combater a mediocridade como tu tão bem o fazes
ao ar livre
Abraço
Lá combater, combatemos.
Mas ao ar livre!?
Na verdade, respira-se cada vez pior neste país. E não é da gripe.
O ar começa a pesar. Muitos portugueses já olham para o lado antes de dizerem qualquer coisa. E outros já não dizem nada.
E há os que respiravam do lado de dentro e agora com a pulseirinha já respiram em liberdade.
E os piratas somos nós...
Cuidado com as insolações.
E os jornalistas a quem o director impede de investigarem mais escândalos do Sócrates. E os presidentes de Câmara que só apoiam os jornais e as rádios que lhe escondem os podres. E o jornalista da SIC, o Pedro Coelho, que Sócrates exigiu à direcção de informação que nunca mais cobrisse as sua iniciativas. E por aí fora...
Antes demais devo congratulá-lo não só pela experiência de vida que já acarreta, pelas suas palavras nobres e por esse saudável espirito critico. Falou em falsa democracia e falou muito bem...Esta democracia tem-se mostrado só para alguns, antro de corrupção, a liberdade procurada no 25 de Abril continua por se encontrar havendo claros atentados as liberdades dos cidadãos, como perseguições politicas, pressões na imprensa, registo de participantes em manifestações, a pobreza aumentou, a emigração tambem...de facto em Portugal não existe mesmo liberdade, mas sim libertinagem! O país caminha a passos largos para a ruína total...Quanto aos programas do Estado Novo, atendendo á época, eram programas que prestavam claramente serviço público, desde o lazer, à cultura, passando à informação se bem que esta última era algo deturpada. Nesse periodo da nossa história zelava-se pela formação do individuo como homem, como pessoa ao invés de hoje em dia em que não há cultura e tão pouco educação. Não se pode falar em fascismo em Portugal, porque este foi abolido pelo próprio Salazar na figura de Rolão Preto, mas sim num estado autoritário muito peculiar e muito mais 'soft' em relação a qualquer outra ditadura Europeia, no entanto teve coisas boas como más, assim como esta pseudo democracia, se formos a po-las numa balança em aspectos positivos não haja a minima dúvida o Estado Novo leva a melhor sobre o regime vigente. Mentiras, 500.000 desempregados, incompetencia e corrupção não auspiciam futuro a este país. Um bem haja, saudações nacionalistas
É claro que se o antigo regime voltasse, de repente, com as suas polícias, os seus censores, os seus esbirros e demais bufaria, eu não andaria por aqui a escrever o que escrevo e a dizer o que digo. Iria visitar a António Maria Cardoso, Caxias ou Peniche, levaria «uns safanões dados a tempo», no dizer subtil do doutor Salazer, e fosse o que deus quisesse. De nada disso me esqueço.
E se faço comparações que, em muitas coisas deixam mal os funcionários/aproveitadores/glutõesda democracia em curso, figurazinhas reles e rascas que sugam tudo e não deixam nada, que não sirva isso para branquear o fascismo de então (mais ou menos puro, conforme os gostos ou as bitolas), mas para escurecer os fascistas travestidos de democratas que hoje abocanham o poder. Para os desmascarar.
São eles - e não eu - com as suas nefandas práticas que, fazem de Salazar, em termos relativos, alguém menos maléfico do que foi.
E digo mais. Salazar, em termos ideológicos, era uma perigosa aberração. Mas, dentro da sua estreita visão da sociedade, acreditava que agia no interesse do povo e do país. E em termos intelectuais e morais não merece ser comparado à escória que hoje governa a nação. Não vivia de expedientes, não embarcava em Freeports, não se formava em Universidades Independentes nem permitiria a bagunçada que as diversas seitas por aí vão fazendo, do BCP ao BPN, do Freeport à Fundação Mário Soares, das Fundações para a Prevenção e Segurança, ou da sua mana mais nova, a Fundação para as Comunicações Móveis.
É a rapinagem que os «democratas» de serviço vão levando à prática, o ignóbil banquete onde devoram o país, que faz de Salazar algo parecido com um santo. E não, claro está, os meus relatos desta sociedade podre e sem vergonha, onde raríssimos são os que não se amanham.
Por outras palavras: Estes, sem nos mandarem para Peniche ou Caxias (porque parecia mal e não é preciso ser tão estúpido, tendo, como se tem, a comunicação social na mão) também nos tiram a liberdade, o pão, o emprego, a reforma, enfim, o futuro.
Por isso, concluo. Estes fascistas são piores - e mais perigosos - do que os outros. Sabem fazê-la melhor.
E vamos lá a ver se não me prendem por este delito de opinião...
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