No dia 3 de Junho deste ano, ligou uma ouvinte de Almada, que deu o nome que entendeu dar, dizendo que não gostava deste programa porque aqui só se falava de coisas sérias, e o que os ouvintes queriam era música e muita alegria, para esquecer as desgraças. Acrescentou que estava desempregada.
No dia 14 de Outubro, ou seja, na semana passada, ligou outra ouvinte de Almada (ou seria a mesma?), que também deu o nome que entendeu dar, dizendo que não gostava deste programa porque se limitava a dizer mal do governo e dos capitalistas, perguntando se não seria melhor falar do que se passa no estrangeiro, em vez de estarmos sempre a bater na mesma tecla. Não disse se ainda estava desempregada, mas acrescentou que votara em Sócrates.
Tanto da primeira vez, como desta, a ouvinte não disse que aqui faltávamos à verdade, pois não me acusou de ser mentiroso ou de, alguma vez, ter sido menos objectivo naquilo que afirmo. Limitou-se, por isso, a dar-nos conta do seu desagrado por não gostar de ouvir verdades, coisa compreensível se considerarmos que se trata de alguém que vota em Sócrates. Ora, Sócrates e o PS convivem muito mal com a verdade e são, em Portugal, quem menos interessado está em que falemos de coisas sérias. Da nossa vida.
Não vou cometer a deselegância de sugerir à ouvinte que, se não gosta do que ouve às quartas-feiras, entre as 9 e as 10, na Rádio Baía, sintonize outra estação, coisa que ela, se quiser, poderá fazer sem que lho digam. Pelo contrário, não só gostei imenso do seu telefonema, como até gostaria de com ela falar pessoalmente, para discutirmos os nossos pontos vista sobre a realidade nacional e internacional. E, se quiser, sobre música, mesmo música pimba, se for dessa que a ouvinte é fã. Tendo sempre uma grande curiosidade em falar com pessoas que pensam de maneira diferente da minha, aqui fica o convite, e acredite que seria um prazer conhecê-la: ligue, e deixe-nos o seu contacto. Aceita?
Mas as Provocações das quartas-feiras não despertam reacções apenas nos ouvintes – e nem todos os ouvintes reagem telefonando. Porque a crónica também está disponível na Internet, recebo por e-mail e para o meu telefone muitos comentários e críticas aos temas tratados, servindo de exemplo o texto que vou ler, enviado por uma ouvinte do Barreiro.
«Gostei da sua crónica. Saiba que me identifico consigo nesse ideal de termos um país socialmente mais justo. Pessoalmente, não me incomodo que existam ricos, o que me incomoda é existirem pobres. Julgo que os homens do capital têm que existir e fazem falta, porque é o desenvolvimento da economia que dá trabalho e sustento. Quem investe tem que ter retorno.
No meu entender, criminoso é permitir que a riqueza seja mal distribuída, gerando as tais desigualdades, porque todo o ser humano devia ter direito a uma vida digna, em todos os aspectos. Isso é o que eu tenho constatado nas viagens que tenho feito, mais concretamente na Noruega, Suécia, Dinamarca, Suíça e Áustria, onde não se vê uma casa degradada, gente a pedir esmola ou, sequer, gente mal vestida, onde se respira educação, civismo, cultura, onde as pessoas têm uma assistência social impecável, educação ao mais alto nível de escolaridade, enfim, vamos lá e apetece ficar, para sempre.
Não sei se os partidos que governam estes países são de esquerda ou de direita, nem sequer isso me apoquenta. O que me interessa é que toda a gente vive muito bem. É este bem-estar geral e esta justiça que eu gostaria que estivesse implementada no meu país. Não sei se lá há ricos, talvez haja, mas garanto-lhe que não há pobres.
A não existência de classes sociais é uma utopia que pode fazer parte de um ideal que apadrinho, mas apenas como conceito. Na prática, não funciona. A natureza do ser humano não permite. Infelizmente, é assim. Naqueles países, respira-se civilidade, riqueza, conforto, saúde e constata-se tudo isso em qualquer local onde nos dirijamos, até mesmo na rua, com as pessoas com quem nos cruzamos.
Isto não é um ideal pelo qual sonhamos, sem saber se é praticável ou se faz apenas parte das nossas melhores fantasias. Aquilo é algo de concreto, que olhamos, testemunhamos e sentimos. Os governos são de esquerda? De direita? A nomenclatura não me interessa. Os entendidos chamam-lhes governos social-democratas. Se é isso, eu sou social-democrata. O problema que tenho em Portugal é verificar que os dois partidos que, no fundo, reclamam para si a filosofia da social-democracia, não a praticam. Só praticam a incompetência.
É por isso que não passamos disto, é por isto que eu tenho votado em branco, é por isto que, este ano, até votei CDU, embora não seja comunista. Foi um voto de protesto, admitindo que embora não comungue, porque não acredito que sejam praticáveis, os ideais comunistas, vejo que ainda são eles que lutam, lutam, lutam, contra os problemas resultantes da riqueza ser mal distribuída».
Esta portuguesa, que não estará desempregada e, aparentemente, tem uma condição social e económica razoável, soube manifestar com elevação e honestidade os seus pontos de vista. Parece-me ser uma pessoa lúcida e louvavelmente preocupada com o nosso país e os seus problemas, ao contrário de muitas tontinhas irresponsáveis que por aí circulam ou – o que é pior – de algumas caixas de ressonância do seu partido, que dizem o que as mandam dizer. Esta ouvinte, não. É, seguramente, uma pessoa que pensa com a sua cabeça, e que não se limita a viver a sua vidinha sem tentar perceber que mundo a rodeia. Que não está alienada por opções partidárias, nem sujeita às rédeas do aparelho de qualquer partido. Respondi-lhe assim:
«Cara ouvinte
São quase duas da manhã, e custa-me, por isso, prolongar a escrita. Mas digo-lhe que subscrevo praticamente tudo o que me disse.
Só há, no entanto, uma coisa em que devemos pensar: claro que quem investe deve ter retorno do seu investimento. Mas o investimento, sem a força do trabalho, seria improdutivo. O que está em causa, portanto, é se o investidor pode dispor da vida de quem lhe faz render os patacos investidos, pagando-lhe o que quiser, quando quiser e... se quiser (coisa que por aí vai acontecendo), enquanto ele embolsa lucros de forma absolutamente discricionária. Isto é: há um tecto para os salários, imposto pelos patrões/governo, mas não há um tecto para os lucros.
Ora, considerando-se que o investidor (vulgo, capitalista) depende da força do trabalhador para produzir riqueza, um e outro deveriam ser tratados, pelo poder político, de forma menos desigual, para não dizer, exactamente igual. Mas o primeiro tem a rédea solta, e o segundo tem a rédea curtíssima. Porque será? Eu julgo que é por o poder político estar ao serviço do senhor investidor. São unha com carne.
Depois, também poderia acrescentar que há investimento que deveria ser feito pelo Estado, sendo os lucros gerados aplicados no desenvolvimento do país, em vez de irem parar aos bolsos dos glutões. Estaríamos todos mais prósperos, não lhe parece?
Contudo, como sabe, a União Europeia acha que deve haver menos Estado (quase nenhum) deixando todo o investimento nas mãos da iniciativa privada. Até diz que o Estado não pode fazer isto e aquilo, dado que estaria a violar o princípio da concorrência, pois como não persegue o lucro pelo lucro, pode produzir mais barato.
Espertos, não são? A quem serve esta visão? Adivinhou? Caso não tenha adivinhado, eu digo-lhe: aos senhores empreendedores, também conhecidos como capitalistas.
Agora, dado o adiantado da hora, vou dormir».
Entre a ouvinte de Almada e a ouvinte do Barreiro há, como se viu, um abismo. E só quando o povo português for, em termos de lucidez e sentido de cidadania, mais parecido com a ouvinte do Barreiro do que com a ouvinte de Almada, é que portugueses poderão pensar em deixar de ser o povo explorado e pindérico que hoje é.
Até lá, só há um caminho: avisar a malta.
No dia 14 de Outubro, ou seja, na semana passada, ligou outra ouvinte de Almada (ou seria a mesma?), que também deu o nome que entendeu dar, dizendo que não gostava deste programa porque se limitava a dizer mal do governo e dos capitalistas, perguntando se não seria melhor falar do que se passa no estrangeiro, em vez de estarmos sempre a bater na mesma tecla. Não disse se ainda estava desempregada, mas acrescentou que votara em Sócrates.
Tanto da primeira vez, como desta, a ouvinte não disse que aqui faltávamos à verdade, pois não me acusou de ser mentiroso ou de, alguma vez, ter sido menos objectivo naquilo que afirmo. Limitou-se, por isso, a dar-nos conta do seu desagrado por não gostar de ouvir verdades, coisa compreensível se considerarmos que se trata de alguém que vota em Sócrates. Ora, Sócrates e o PS convivem muito mal com a verdade e são, em Portugal, quem menos interessado está em que falemos de coisas sérias. Da nossa vida.
Não vou cometer a deselegância de sugerir à ouvinte que, se não gosta do que ouve às quartas-feiras, entre as 9 e as 10, na Rádio Baía, sintonize outra estação, coisa que ela, se quiser, poderá fazer sem que lho digam. Pelo contrário, não só gostei imenso do seu telefonema, como até gostaria de com ela falar pessoalmente, para discutirmos os nossos pontos vista sobre a realidade nacional e internacional. E, se quiser, sobre música, mesmo música pimba, se for dessa que a ouvinte é fã. Tendo sempre uma grande curiosidade em falar com pessoas que pensam de maneira diferente da minha, aqui fica o convite, e acredite que seria um prazer conhecê-la: ligue, e deixe-nos o seu contacto. Aceita?
Mas as Provocações das quartas-feiras não despertam reacções apenas nos ouvintes – e nem todos os ouvintes reagem telefonando. Porque a crónica também está disponível na Internet, recebo por e-mail e para o meu telefone muitos comentários e críticas aos temas tratados, servindo de exemplo o texto que vou ler, enviado por uma ouvinte do Barreiro.
«Gostei da sua crónica. Saiba que me identifico consigo nesse ideal de termos um país socialmente mais justo. Pessoalmente, não me incomodo que existam ricos, o que me incomoda é existirem pobres. Julgo que os homens do capital têm que existir e fazem falta, porque é o desenvolvimento da economia que dá trabalho e sustento. Quem investe tem que ter retorno.
No meu entender, criminoso é permitir que a riqueza seja mal distribuída, gerando as tais desigualdades, porque todo o ser humano devia ter direito a uma vida digna, em todos os aspectos. Isso é o que eu tenho constatado nas viagens que tenho feito, mais concretamente na Noruega, Suécia, Dinamarca, Suíça e Áustria, onde não se vê uma casa degradada, gente a pedir esmola ou, sequer, gente mal vestida, onde se respira educação, civismo, cultura, onde as pessoas têm uma assistência social impecável, educação ao mais alto nível de escolaridade, enfim, vamos lá e apetece ficar, para sempre.
Não sei se os partidos que governam estes países são de esquerda ou de direita, nem sequer isso me apoquenta. O que me interessa é que toda a gente vive muito bem. É este bem-estar geral e esta justiça que eu gostaria que estivesse implementada no meu país. Não sei se lá há ricos, talvez haja, mas garanto-lhe que não há pobres.
A não existência de classes sociais é uma utopia que pode fazer parte de um ideal que apadrinho, mas apenas como conceito. Na prática, não funciona. A natureza do ser humano não permite. Infelizmente, é assim. Naqueles países, respira-se civilidade, riqueza, conforto, saúde e constata-se tudo isso em qualquer local onde nos dirijamos, até mesmo na rua, com as pessoas com quem nos cruzamos.
Isto não é um ideal pelo qual sonhamos, sem saber se é praticável ou se faz apenas parte das nossas melhores fantasias. Aquilo é algo de concreto, que olhamos, testemunhamos e sentimos. Os governos são de esquerda? De direita? A nomenclatura não me interessa. Os entendidos chamam-lhes governos social-democratas. Se é isso, eu sou social-democrata. O problema que tenho em Portugal é verificar que os dois partidos que, no fundo, reclamam para si a filosofia da social-democracia, não a praticam. Só praticam a incompetência.
É por isso que não passamos disto, é por isto que eu tenho votado em branco, é por isto que, este ano, até votei CDU, embora não seja comunista. Foi um voto de protesto, admitindo que embora não comungue, porque não acredito que sejam praticáveis, os ideais comunistas, vejo que ainda são eles que lutam, lutam, lutam, contra os problemas resultantes da riqueza ser mal distribuída».
Esta portuguesa, que não estará desempregada e, aparentemente, tem uma condição social e económica razoável, soube manifestar com elevação e honestidade os seus pontos de vista. Parece-me ser uma pessoa lúcida e louvavelmente preocupada com o nosso país e os seus problemas, ao contrário de muitas tontinhas irresponsáveis que por aí circulam ou – o que é pior – de algumas caixas de ressonância do seu partido, que dizem o que as mandam dizer. Esta ouvinte, não. É, seguramente, uma pessoa que pensa com a sua cabeça, e que não se limita a viver a sua vidinha sem tentar perceber que mundo a rodeia. Que não está alienada por opções partidárias, nem sujeita às rédeas do aparelho de qualquer partido. Respondi-lhe assim:
«Cara ouvinte
São quase duas da manhã, e custa-me, por isso, prolongar a escrita. Mas digo-lhe que subscrevo praticamente tudo o que me disse.
Só há, no entanto, uma coisa em que devemos pensar: claro que quem investe deve ter retorno do seu investimento. Mas o investimento, sem a força do trabalho, seria improdutivo. O que está em causa, portanto, é se o investidor pode dispor da vida de quem lhe faz render os patacos investidos, pagando-lhe o que quiser, quando quiser e... se quiser (coisa que por aí vai acontecendo), enquanto ele embolsa lucros de forma absolutamente discricionária. Isto é: há um tecto para os salários, imposto pelos patrões/governo, mas não há um tecto para os lucros.
Ora, considerando-se que o investidor (vulgo, capitalista) depende da força do trabalhador para produzir riqueza, um e outro deveriam ser tratados, pelo poder político, de forma menos desigual, para não dizer, exactamente igual. Mas o primeiro tem a rédea solta, e o segundo tem a rédea curtíssima. Porque será? Eu julgo que é por o poder político estar ao serviço do senhor investidor. São unha com carne.
Depois, também poderia acrescentar que há investimento que deveria ser feito pelo Estado, sendo os lucros gerados aplicados no desenvolvimento do país, em vez de irem parar aos bolsos dos glutões. Estaríamos todos mais prósperos, não lhe parece?
Contudo, como sabe, a União Europeia acha que deve haver menos Estado (quase nenhum) deixando todo o investimento nas mãos da iniciativa privada. Até diz que o Estado não pode fazer isto e aquilo, dado que estaria a violar o princípio da concorrência, pois como não persegue o lucro pelo lucro, pode produzir mais barato.
Espertos, não são? A quem serve esta visão? Adivinhou? Caso não tenha adivinhado, eu digo-lhe: aos senhores empreendedores, também conhecidos como capitalistas.
Agora, dado o adiantado da hora, vou dormir».
Entre a ouvinte de Almada e a ouvinte do Barreiro há, como se viu, um abismo. E só quando o povo português for, em termos de lucidez e sentido de cidadania, mais parecido com a ouvinte do Barreiro do que com a ouvinte de Almada, é que portugueses poderão pensar em deixar de ser o povo explorado e pindérico que hoje é.
Até lá, só há um caminho: avisar a malta.
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 21/10/2009.
(Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00).
(Não deixe de ouvir em 98.7 Mhz e participar pelos telefones 212277046 ou 212277047 todas as quartas-feiras entre as 09H00 e as 10H00).
4 comentários:
Mais uma vez uma crónica objectiva e lúcida!
Há um outro problema - basilar - no nosso país que me parece fundamental e imprescindível para alterar esta nossa sociedade: é que, embora o conhecimento e a informação estejam hoje - como se diz - à distância de um clique -, os nossos miúdos estão cada vez mais burros, formatados e porquanto menos cidadãos. Um povo assim não terá grande futuro, haverá sempre um ou dois pastores a saberem conduzir a carneirada!
Urge, portanto, ter a coragem de ser diferente e falar contra esta corrente que tudo parece arrastar.
Não podia estar mais de acordo. A democracia tem muito de Igreja Católica e dos seus dogmas, dado que, tal como o Cristianismo foi subvertido pelo Império Romano, através dos sequiosos «Bispos» colaborantes, que o transformaram num instrumento ao serviço do poder (que lhes pagou paramentando-os com ouro e insenso), também ela, a democracia, foi subsvertida pelos «Bispos» dos aparelhos partidários (a rapaziada que constitui a classe política)que a colocam, por acção ou omissão, ao serviço do actual império - o do dinheiro.
O que Saramago diz da Igreja, posso eu dizer desta democracia e das suas leis.
Não sei que sistema político pode ser criado sem que tenha como base os partidos. Mas deve trabalhar-se nesse sentido. Os partidos estão esgotados, viciados, putrefactos. São máquinas de satisfação de interesses pessoais ou de facções. Albergam aquilo a que se pode chamar a escória da elite social. E a elite social e financeira vive na sombra dos desmandos dessa escória, porque sabe que assim nada mudará. Mesmo os partidos mais devotados às causas nacionais estão infiltrados por gente que apenas se quer aproveitar da política para satisfação ou interesse pessoal. Em todos os partidos se confundem os burros de carga com os mandarins, os pequenos e os grandes parasitas com os poucos que ainda defendem valores ideológicos e, como regra, os que encontraram na actividade política um modo de vida, fazendo nada, ou quase nada. Porque são basicamente burros, satisfazem-se com pouco. Tudo se transformou numa gigantesca farsa. Um ganha pão. Uma burla. E, ainda por cima, caríssima. O que eles agora defendem já não é uma visão de sociedade, valores éticos, princípios programáticos, o povo ou o país. Defendem apenas o seu tacho. O seu cheque ao fim do mês, seja grande, médio, ao miserável.
Assim estamos e assim estaremos, enquanto nos deixarmos iludir.
O Anónimo das 15:43 diz o que está certo. Mas devia dar a cara. Isso devia ser gritado nas ruas e escrito nas paredes e também espalhado por aí aos quatro ventos. Na comunicação social ninguém diz isso, todos escondem essa verdade porque as coisas assim é que estão bem para eles. Anda tudo a comer do mesmo tacho e é isso que eles não querem perder.
Ana Martins Barreiro
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