Os democratas andam indignadíssimos. Segundo parece, muitos milhares de pessoas já subscreveram um documento que pretende mobilizar um milhão de portugueses para, um dia destes, na Av. da Liberdade, se exigir a demissão da toda a classe política. Que desaforo! Que irresponsabilidade! Que falta de respeito pela democracia representativa e aquilo que ela tem de mais ilustrativo e válido: os partidos políticos.
Então, cabe na cabeça de alguém que o povo se manifeste assim ou assado, sem ser pela trela de um partido qualquer? Afinal, para que é que servem os partidos e os políticos? Quem é que percebe de política? Quem é que percebe de economia? Quem é que percebe de questões sociais? Quem é que diz como – e quando – é que se protesta ou apoia? Quem é que decide se o povo está satisfeito ou revoltado? E como se esta indisciplina desrespeitosa não bastasse, ainda se atrevem a exigir a «demissão de toda a classe política»?! Isto já não é só indisciplina, irresponsabilidade e ingratidão. Isto é uma autêntica blasfémia!
Ai, estão fartos da classe política? Estão fartos dos homens e mulheres que, desinteressadamente – e com prejuízo da sua vida privada – se têm dedicado a servir o país. Estão fartos dos democratas que, especialmente após o 25 de Novembro, puseram o país dos eixos e o tornaram respeitado na Europa e no mundo. Mas, afinal, acusam os políticos de quê? Da montanha de desempregados? Dos baixos salários e pensões? Do trabalho precário? Das contas públicas de pantanas? De uma agricultura raquítica? Das pescas à deriva? De uma indústria paraplégica? Da economia em estado de coma? Da virose da corrupção? Do compadrio, do amiguismo e da multidão de chupistas que infestam o aparelho do Estado? De uma Justiça que retira a venda antes de baixar a espada, não vá justiçar um engenheiro qualquer? De políticas de Saúde, que parecem saídas de manuais de exterminação selectiva? Da fome de milhões e da opulência de uns tantos?
Ai, povo estúpido, que não percebes nada de política, nem de democracia e democratas. A classe política está farta de te explicar que não tem culpa nenhuma no estado a que o país chegou. Garantiram-no já, várias vezes – e sem se rir – os mais prestigiados democratas. Garantiram-no o doutor Soares, o professor Cavaco, o engenheiro Guterres, o doutor Durão mais o doutor Santana e, principalmente, está a garanti-lo o engenheiro Sócrates. Que mais é preciso? Eles são a nata da nossa vida social e política. Gente mais séria e competente não há, nem há-de haver! Ponto final.
Sabes, povinho bruto, o que é o Parlamento? Nunca viste e ouviste como a classe política ali sua a estopinhas, há mais de trinta anos, para te dar uma vida regalada e resolver os teus problemas? É claro que não se consegue resolver tudo num dia, nem em dois, nem num ano, nem em dez, nem em vinte, mas é preciso dar tempo ao tempo.
Por isso, tem calma, povo. Amocha, que é o que tu sabes fazer melhor. É contigo a amochar que o país se desenvolve, como todos estamos a ver e a sentir. Aliás, já era assim no tempo da ditadura. E se a aguentaste 48 anos com os teus brandos costumes, era agora, ao fim de apenas trinta e tal, que ias perder as maneiras?
E tu, minha querida classe política, não te preocupes. Continua a engordar à conta do Orçamento. Serve-te à vontade. Mas, pelo sim, pelo não – e não vá a coisa dar para o torto – vai pondo as barbas de molho.
Que é como quem diz: umas massas na Suíça…
Então, cabe na cabeça de alguém que o povo se manifeste assim ou assado, sem ser pela trela de um partido qualquer? Afinal, para que é que servem os partidos e os políticos? Quem é que percebe de política? Quem é que percebe de economia? Quem é que percebe de questões sociais? Quem é que diz como – e quando – é que se protesta ou apoia? Quem é que decide se o povo está satisfeito ou revoltado? E como se esta indisciplina desrespeitosa não bastasse, ainda se atrevem a exigir a «demissão de toda a classe política»?! Isto já não é só indisciplina, irresponsabilidade e ingratidão. Isto é uma autêntica blasfémia!
Ai, estão fartos da classe política? Estão fartos dos homens e mulheres que, desinteressadamente – e com prejuízo da sua vida privada – se têm dedicado a servir o país. Estão fartos dos democratas que, especialmente após o 25 de Novembro, puseram o país dos eixos e o tornaram respeitado na Europa e no mundo. Mas, afinal, acusam os políticos de quê? Da montanha de desempregados? Dos baixos salários e pensões? Do trabalho precário? Das contas públicas de pantanas? De uma agricultura raquítica? Das pescas à deriva? De uma indústria paraplégica? Da economia em estado de coma? Da virose da corrupção? Do compadrio, do amiguismo e da multidão de chupistas que infestam o aparelho do Estado? De uma Justiça que retira a venda antes de baixar a espada, não vá justiçar um engenheiro qualquer? De políticas de Saúde, que parecem saídas de manuais de exterminação selectiva? Da fome de milhões e da opulência de uns tantos?
Ai, povo estúpido, que não percebes nada de política, nem de democracia e democratas. A classe política está farta de te explicar que não tem culpa nenhuma no estado a que o país chegou. Garantiram-no já, várias vezes – e sem se rir – os mais prestigiados democratas. Garantiram-no o doutor Soares, o professor Cavaco, o engenheiro Guterres, o doutor Durão mais o doutor Santana e, principalmente, está a garanti-lo o engenheiro Sócrates. Que mais é preciso? Eles são a nata da nossa vida social e política. Gente mais séria e competente não há, nem há-de haver! Ponto final.
Sabes, povinho bruto, o que é o Parlamento? Nunca viste e ouviste como a classe política ali sua a estopinhas, há mais de trinta anos, para te dar uma vida regalada e resolver os teus problemas? É claro que não se consegue resolver tudo num dia, nem em dois, nem num ano, nem em dez, nem em vinte, mas é preciso dar tempo ao tempo.
Por isso, tem calma, povo. Amocha, que é o que tu sabes fazer melhor. É contigo a amochar que o país se desenvolve, como todos estamos a ver e a sentir. Aliás, já era assim no tempo da ditadura. E se a aguentaste 48 anos com os teus brandos costumes, era agora, ao fim de apenas trinta e tal, que ias perder as maneiras?
E tu, minha querida classe política, não te preocupes. Continua a engordar à conta do Orçamento. Serve-te à vontade. Mas, pelo sim, pelo não – e não vá a coisa dar para o torto – vai pondo as barbas de molho.
Que é como quem diz: umas massas na Suíça…
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 23/02/2011.
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