Num país chamado Ratolândia, onde, como o nome indica, viviam ratos, a rotina era alterada de quatro em quatro anos, por via da realização de eleições. Era uma festa. Nessa altura, os ratos eram chamados a votar, tendo em vista eleger o seu parlamento e, consequentemente, o seu governo.
Curiosamente, quem concorria e ganhava as eleições eram os gatos, sendo que os gatos pretos estavam no poder há muito tempo. Uma vez eleitos, fizeram e aplicaram as leis com extrema competência, pelo menos do ponto de vista dos gatos, que outra coisa não eram. Uma das leis, dizia que a casa dos ratos deveria ter uma entrada em arco, destinada a permitir que os gatos pudessem lá meter as patas. Outra das leis determinava que os ratos respeitassem um certo limite de velocidade, de forma a permitir que os gatos pudessem obter as suas refeições sem terem que correr muito.
Fartos disto, os ratos começaram a protestar, tendo, então, aparecido os gatos brancos, que convenceram os ratos a votar neles, caso quisessem acabar com as suas desgraças. E ganharam as eleições. Logo os gatos brancos resolveram mudar o formato da entrada da casa dos ratos, que passou a ser rectangular, o que permitia que lá entrassem as duas patas dos gatos, em vez de uma. Também reduziram o limite de velocidade. Quatro anos depois, desiludidos, os ratos resolveram castigar os gatos brancos, voltando a votar nos gatos pretos. E, quatro anos mais tarde, já estavam a votar nos gatos brancos, para castigar os gatos pretos. Até chegaram a votar em gatos meio brancos e meio pretos, a que chamaram coligação, mas os resultados não mudaram, porque é desígnio dos gatos viveram de comer ratos, e isso nunca vai mudar. Não é que sejam maus, é que a vida é mesmo assim...
Foi então que apareceu um rato que disse que as coisas tinham que mudar, mas que só mudariam quando os ratos elegessem outros ratos para governar. Foi o fim do mundo. Logo alguns ratos lhe chamaram comunista e o meteram na prisão.
Nas eleições que se seguiram, voltaram a votar nos gatos pretos.
Agora, na minha condição de rato, venho informar a querida rataria que nas eleições cá da Ratolândia voltaram a ganhar os gatos. Como era previsível, desta vez coube a vitória ao gato branco. Daqui a quatro anos, será a vez de a vitória sorrir ao gato preto. E assim sucessivamente, como mandam os bons costumes e os princípios da alternância democrática. E como, aliás, tem sucedido até agora, com excelentes resultados. Para os gatos, claro.
Uma saudação especial para os ratos que não votaram nos gatos e, principalmente, para a grande maioria dos ratos inscritos, que não se deu sequer ao trabalho de votar. Se calhar, é mesmo esse o caminho. Os gatos que votem uns nos outros. E, já agora, que comecem a trabalhar, porque se os ratos tivessem juízo, cruzavam as patas - e quem quisesse bolota, que trepasse.
Ah! Já me esquecia: o gato negro pôs-se a milhas. Se calhar vai aos robalos, com o gato Vara. Ou - quem sabe? - vender Magalhães.
Curiosamente, quem concorria e ganhava as eleições eram os gatos, sendo que os gatos pretos estavam no poder há muito tempo. Uma vez eleitos, fizeram e aplicaram as leis com extrema competência, pelo menos do ponto de vista dos gatos, que outra coisa não eram. Uma das leis, dizia que a casa dos ratos deveria ter uma entrada em arco, destinada a permitir que os gatos pudessem lá meter as patas. Outra das leis determinava que os ratos respeitassem um certo limite de velocidade, de forma a permitir que os gatos pudessem obter as suas refeições sem terem que correr muito.
Fartos disto, os ratos começaram a protestar, tendo, então, aparecido os gatos brancos, que convenceram os ratos a votar neles, caso quisessem acabar com as suas desgraças. E ganharam as eleições. Logo os gatos brancos resolveram mudar o formato da entrada da casa dos ratos, que passou a ser rectangular, o que permitia que lá entrassem as duas patas dos gatos, em vez de uma. Também reduziram o limite de velocidade. Quatro anos depois, desiludidos, os ratos resolveram castigar os gatos brancos, voltando a votar nos gatos pretos. E, quatro anos mais tarde, já estavam a votar nos gatos brancos, para castigar os gatos pretos. Até chegaram a votar em gatos meio brancos e meio pretos, a que chamaram coligação, mas os resultados não mudaram, porque é desígnio dos gatos viveram de comer ratos, e isso nunca vai mudar. Não é que sejam maus, é que a vida é mesmo assim...
Foi então que apareceu um rato que disse que as coisas tinham que mudar, mas que só mudariam quando os ratos elegessem outros ratos para governar. Foi o fim do mundo. Logo alguns ratos lhe chamaram comunista e o meteram na prisão.
Nas eleições que se seguiram, voltaram a votar nos gatos pretos.
Agora, na minha condição de rato, venho informar a querida rataria que nas eleições cá da Ratolândia voltaram a ganhar os gatos. Como era previsível, desta vez coube a vitória ao gato branco. Daqui a quatro anos, será a vez de a vitória sorrir ao gato preto. E assim sucessivamente, como mandam os bons costumes e os princípios da alternância democrática. E como, aliás, tem sucedido até agora, com excelentes resultados. Para os gatos, claro.
Uma saudação especial para os ratos que não votaram nos gatos e, principalmente, para a grande maioria dos ratos inscritos, que não se deu sequer ao trabalho de votar. Se calhar, é mesmo esse o caminho. Os gatos que votem uns nos outros. E, já agora, que comecem a trabalhar, porque se os ratos tivessem juízo, cruzavam as patas - e quem quisesse bolota, que trepasse.
Ah! Já me esquecia: o gato negro pôs-se a milhas. Se calhar vai aos robalos, com o gato Vara. Ou - quem sabe? - vender Magalhães.
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 08/06/2011.
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