
O chefe de estado de serviço na ocasião, em ofuscante discurso, dá sempre pistas e sugestões para retirar o país da apagada e vil tristeza, onde ele e muitos dos presentes o mantêm. A expressão, por si só, não bastaria para meter Camões ao barulho, mesm

Este ano, o senhor Silva descobriu que devemos voltar à agricultura e ao interior despovoado. Olha quem fala! Quem é que, como primeiro-ministro, cascou na agricultura e se fartou de despovoar? Meritória acção, aliás, da qual os seus antecessores e sucessores no cargo devem compartilhar as honras.

O dez de Junho é, todo ele, um retrato de um país pindérico e condenado. Pindérico nos discursos, nas ideias e nas vaidades balofas. Condenado à subserviência ao estrangeiro e aos interesses dos grandes mercadores do dinheiro – os investidores, no linguajar do senhor Silva – e porque continua a creditar naqueles que, década após década, o conduziram ao mais aterrador estado vegetativo.
Camões cantou:
Não no dá a pátria, não, que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
duma austera, apagada e vil tristeza.
Pois está.
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