domingo, 5 de julho de 2009

A FAENA

Desconhecendo-se o verdadeiro significado da expressão gestual do senhor Pinho, é assim permitido dar largas à imaginação, podendo ele ter aconselhado o deputado Bernardino a dedicar-se mais às lides taurinas do que á política.

1 comentário:

Anónimo disse...

Numa tarde em que o calor teimou em não visitar a capital portuguesa, a Monumental Praça de Toiros de São Bento regressou para as touradas de Verão, logo com um cartel de luxo: os diestros Pablito Rangel, Paco de Louçã e Paulito de Portugal, o cavaleiro Jerónimo de Souza e o Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Coreia do Norte, com toiros da prestigiada ganadaria Pinto de Sousa. A Banda do Sá Mouco, dirigida por José Sócrates, assegurou a componente musical deste espectáculo, que teve a supervisão do inteligente Jaime Gama.

No primeiro da tarde, Jerónimo de Sousa teve ao início dificuldade em arrancar o seu oponente das tábuas, conseguindo apenas uns curtos ferros de belo efeito. Já ao som do pasodoble “La Internacional”, concluiu o seu primeiro toiro com um ferro de palmo executado na perfeição. Os Forcados amadores do Aposento da Coreia do Norte, capitaneados pelo Cabo Bernardino Soares, estiveram bem, mesmo tendo consumado a sua sorte ao segundo intento.

O primeiro toiro de Paulito de Portugal começou com um par de bandarilhas de belo efeito. No confronto directo, o matador impôs o seu domínio de forma progressiva. Ao som de "A 13 de Maio na Cova da Iria", com solo magistralmente interpretado pelo trompetista Diego Feyo, Paulito de Portugal foi conseguindo investidas do seu oponente, resultando o segundo toiro numa faena cheia de brilho. "Paulinho das Feiras” foi o pasodoble que se pôde ouvir na volta de agradecimentos.

Paco de Louçã: grande expectativa na recepção deste jovem matador de toiros, incessantemente aplaudido pela crítica lisboeta nos seus últimos espectáculos. E voltou a não defraudar expectativas: nos ferros tirou o melhor partido da mansidão do seu oponente para de seguida executar vários "kits" de grande qualidade. Ao som de "Che Guevara" (solo de Anita Drago) rematou a lide de forma soberba, conseguindo triunfo absoluto. Na volta, o público brindou o matador com sonoras palmas ao som de "Unidos Venceremos".

No segundo de Pablito Rangel, ditou a sorte um toiro com menos bravura que o desejável. Ao som de "Cara al Sol”, o jovem diestro andaluz, de apenas 18 anos, esforçou-se por arrancar o seu oponente das tábuas, conseguindo ainda assim uma lide bastante razoável. No entanto, a um sinal do inteligente para que abreviasse a lide foi mal recebida, assistindo-se ao primeiro incidente da tarde, com uma altercação entre Gama e Pablito, com o primeiro a perder as estribeiras como nunca fora visto.

Para os Amadores do Aposento da Coreia do Norte estaria reservada uma pega ao terceiro intento, onde a bravura do oponente "sacudiu" a melhor sorte nas duas primeiras tentativas. A sorte foi consumada numa pega onde o toiro soltou muita da bravura escondida durante toda a lide. El Piño, assim se chamava o cornífero, sacudiu de tal forma as hastes que fez soltar as protecções das mesmas, pelo que foi mandado recolher ao curro, não mais sendo visto no resto da corrida, para grande desolação de Sócrates, que já se preparava para atacar, em espanhol, o corridinho do All-garve.

Como é diferente a tourada em Portugal!

João Braga
(Crítico Tauromáquico desiludido)