
Agora, quando se fala em engorda, é doutra coisa que se fala. Um tipo desde cedo se arrima a um partido com vocação para o poder, começa nas fileiras da Juventude das hostes, aprende as manhas e os tiques da política com o baronato do redil, é premiado com uns cargos que a sua dedicação justifica – dinheiro quanto baste, trabalho nenhum – e por aí se serve. Se tiver sorte e souber encontrar os arrimos certos, até pode chegar a primeiro-ministro.
Outros, vêm lá das berças com uma mãozita atrás


Como o tempo passa a correr, tão depressa se está no governo, como fora dele, pois a democracia tem uma coisa chamada eleições, algo necessário a que os verdadeiros democratas se alimentem alternadamente à mesa do orçamento. O problema, de facto, é o tamanho da mesa: é uma mesa pequena, não dá para todos ao mesmo tempo. Ora agora comes tu, ora agora como eu.
Esta é a primeira fase da engorda dos tempos modernos, que também se distingue da engorda tradicional porque não se mata o porco por altura do Natal. Realmente, findo este ciclópico período de engorda, um verdadeiro sacrifício em prol da nação, o ex-governante vai engordar para outra pocilga, isto é, vai ocupar um lugar de destaque numa das muitas empresas que, por mero acaso, teve a felicidade de, enquanto governante, ajudar a medrar. É a segunda e decisiva fase da engorda.
Este pequeno apontamento sobre pecuária, porcos e porcarias não ficaria completo sem uma última informação: Mota-Engil, Iberdrola, Lusoponte, PT, BPN, SLN, CGD, BCP e GALP são os locais de engorda preferidos das duas varas de porcos mais conhecidas do nosso país.
Moral da história: este país é um chiqueiro.
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 30/11/2011.