Enquanto Catroga se preparava para receber, da EDP, só por passar por lá de vez em quando, uns pentelhos dourados (a juntar à suculenta pentelheira da sua reforma), o ministro Álvaro sugeria que o país se transformasse na República do Pastel de Nata. Ao mesmo tempo, o resto do governo – ou quase – insistia na necessidade de os portugueses emigrarem, que este país não está para aturá-los. Que fossem morrer longe.
Pela mesma altura, o governador do Banco de Portugal avisava que as medidas de austeridade não iam chegar, porque o remédio para a crise está como a emenda do tal soneto: é pior que a doença. A confirmar isso, a agência de notação financeira “Standard & Poor's” decretou que a credibilidade de Portugal estava ao nível do lixo, coisa que não me surpreende, porque há muito tempo que eu ando a dizer que este país é uma lixeira. Um mês depois, Cavaco confessou que vivia acima das suas posses. Passos Coelho, sem saber para que lado se há-de voltar, entrega ao ministro Gaspar a solução da crise: a do costume.
Aflita, a UGT cumpriu a sua obrigação e deu uma mãozinha ao Governos e ao grande patronato. Sendo assim, o remédio é alargar as cargas horárias, reduzir ordenados e pensões, aumentar os preços dos bens de primeira necessidade, da alimentação à Saúde, dos transportes à Educação, sem esquecer, naturalmente, os impostos. Mas… esperem aí: não se viu já que esta emenda é pior que o soneto? Que as coisas assim, em vez de melhorar, só podem agravar-se? Não caiu o PIB 3,1%? Não aumentou o desemprego para números nunca vistos? Não fecham, todos os dias, dezenas de empresas? Não aumenta o crédito malparado? Não entregam as famílias aos bancos 19 casas por dia? Não sobe, em espiral, a criminalidade, esperando-se que assuma, a qualquer momento, índices de extrema violência? Não se acumulam suicídios sobre suicídios, havendo pressões enormes sobre a comunicação social e as forças de segurança para que não divulguem essas situações?
Soares inventou os contratos a prazo, os salários em atraso e foi o primeiro a chamar o FMI. Quando foi corrido, declarou-se um pássaro a quem abriram a gaiola. Cavaco perdeu dez anos e muitos milhões em fundos comunitários, e foram os seus pares do PSD que lhe tiraram o tapete. Guterres mergulhou num mar de despesismo e veio à tona num pântano; pirou-se. Barroso, mal descobriu onde se metera, mandou a pátria às malvas, passou a tanga ao Santana e emigrou com pompa e circunstância. Sócrates esgueirou-se, durante seis anos, entre o manicómio e a prisão, antes de ir perguntar à Sorbonne se podia fazer exames por e-mail e ser doutorado ao domingo.
E um grande capitalista, que passava o tempo a pregar patriotismo e a pedir sacrifícios aos portugueses, optou por pagar impostos na Holanda, tal como já fazem 19 outros patriotas do PSI 20. Não há dúvida. Os trabalhadores são uns patifes…
É verdade: se o 25 de Abril fosse vivo, faria 38 anos daqui a três meses.
1 comentário:
Há quem diga que era preciso um Salazar para endireitar este país (até parece que o sr. é santo milagreiro), apesar da minha opinião ser contrária.
Para outro Salazar, já nos basta um Passos Coelho.
O que precisamos mesmo é de um 25 de Abril, mas sem cravos...
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