Quando, em 1994, o jornalista Vicente Jorge Silva chamou Geração Rasca aos estudantes que se manifestavam
contra as políticas da ministra da Educação, dona Manuela Ferreira Leite, não
podia imaginar que 18 anos depois os portugueses iriam pagar, com língua de
palmo, o facto de se terem entregues a gente realmente rasca.
Gente que está – ou esteve – na
Assembleia da República.
Gente que está – ou esteve – no
governo.
Gente que está – ou esteve, ou ainda
vai estar – na administração de grandes empresas.
Só a título de exemplo:
- José Sócrates, o
Engenheiro (e está tudo
dito);
- Armando Vara, o da Face Oculta e dos robalinhos na brasa;
- Jorge Coelho, o diligente camarada da Mota-Engil,
também conhecido por Senhor
Cinco por Centro, vá lá saber-se porquê;
- Ricardo Rodrigues, o especialista em gamanço de
gravadores – e noutras aventuras açorianas;
- Paulo Campos, perito em contratos fantasmas com as PPP;
- Guterres, o que descobriu um pântano chamado
Portugal e deu de frosques, refugiando-se na ONU, para resolver os problemas
dos refugiados, ele incluído;
- Jorge Sampaio, que entre uma e outra lágrima, sempre
compagináveis com os altos desígnios da realidade abrangente, lá foi também
para a ONU resolver o problema da tuberculose no mundo, já que em Portugal ela
galopou durante a sua presidência;
- Cavaco Silva, o
Senhor do Betão, ou o
alquimista que transformou milhões de fundos comunitários em legiões de
novos-ricos – e, mais
recentemente, conhecido pelo não
dá uma para a caixa;
- Durão Barroso, o do país de tanga e do vou ali a Bruxelas e espera aí que
eu já venho;
- Ferreira do Amaral, o companheiro da Lusoponte,
especialista em assaltos nas portagens nas pontes que ligam a Margem Sul a
Lisboa – das que há e das futuras, se as houver;
- Oliveira e Costa, superespecialista em bancos
familiares, de traça siciliana (arrecada lá estas acções e não digas que vais
daqui);
- Duarte Lima, mestre em manipular (e fazer sumir)
milhões. Deu em chibo;
- Dias Loureiro, grão-mestre em offshores e empresas sem fundo;
- Vítor Gaspar, perito em défices, lapsos, contas
furadas, austeridade e miséria, mas um prestidigitador emérito, que quanto mais
aumenta os impostos, mais a receita fiscal desce;
- Álvaro Santos Pereira, doutorado no coiso e nos coisos de
nata;
- Miguel Relvas, um caso de Alzheimer selectivo, dado
que apenas se manifesta em relação a ex-espiões chamados Silva Carvalho, mas
recuperável à medida que é confrontado com os factos;
- Passos
Coelho, aquela criatura que não faz ideia do
buraco onde o meteram, mas que já está a perceber que isto não é um tacho de
luxo numa das empresas do seu criador, o indescritível Ângelo Correia. Ou seja: sendo
rasca, está também bastante à rasca, a tal ponto que o amigo Relvas o fez
engolir a sua célebre máxima, «quem mente, sai», que agora passou às calendas
gregas. (Gregas, salvo seja, e que a Troika e o FMI da senhora Lagarde percebam
que é apenas uma expressão idiomática, longe vá o agoiro, te arrenego,
Satanás).
- E
o pai e a mãe desta gente toda –
e da respectiva democracia – agora um enxofrado anti-Troika, ele que foi o
primeiro a mendigar ajuda externa e – benzam-no todos os santinhos – aquele que
convenceu Sócrates e pedi-la. Um tal Soares,
a grande maîtresse desta
miserável rasquice.
Mas
o que será um povo que se deixa governar por gente desta?
Obviamente
que será um povo muito – mas mesmo muito – RASCA!
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio
Baía em 13/06/2012.
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