Bufões, ou parlapatões, títeres, palhaços, impostores,
charlatães, intrujões, pantomineiros, enfim, sinónimo de bufão é coisa que não
falta no dicionário. Qualquer destes termos se aplica aos saltimbancos, truões,
funâmbulos e malabaristas que, pelo voto, conseguiram alcançar as rédeas da
governação. E tudo isto com o devido respeito pela rapaziada das actividades
circenses e afins, trupes de qualquer espécie das artes do espectáculo cómico
ou burlesco, que merecem todo o nosso respeito.
Há um ano que os bufões de serviço tomaram conta do palco, à
custa de garantirem que nunca fariam o que estão a fazer, e jurando fazer o que
ainda não fizeram. Resultado: o país está pior do que há um ano atrás, e todos
os dias piora sem que se vejam sinais que apontem para o sentido inverso. Pelo
contrário.
Um dos palhaços desta trupe nefanda, de seu nome Borges, veio
agora desdizer o que antes disse. Garante que não disse que empobrecer o país é
o remédio para o enriquecer. Não se sabe, nesse caso, o que é para ele ser uma
emergência baixar os salários, a menos que um país de pobres – de mais pobres e
cada vez mais pobres – seja a sua ideia de um país rico. Poderá ser, quando
muito, um rico país, mas para ele e para os que, como ele, vivem
principescamente à custa, precisamente, da miséria que os seus conceitos
económicos, políticos e sociais vão espalhando.
As medidas salvadoras da trupe social-democrata – nome artístico
que esconde uma ideologia que de social e de democrata nada tem – limitam-se a
seguir um guião velho de séculos, que se destina a colocar milhões de seres
humanos ao serviço das elites dominantes: Amos e Senhores lhes chamavam em tempos idos, sendo
que hoje preferem ser designados por Investidores.
E enquanto, no antanho, se exibiam e ostentavam a sua opulência, hoje preferem
ser gente sem rosto, sem pátria e sem morada conhecida.
Assim, Portugal morre um pouco todos os dias. Só em 2011, a população portuguesa sofreu uma
redução de 30.317 indivíduos, o que revela uma taxa de crescimento negativa de
0,29 %. A quebra resulta de terem morrido mais 5.986 pessoas do que as que
nasceram, e de terem emigrado mais 24.331 pessoas do que as que entraram no
país.
Agora – e como se nada disto viesse a provocar, directa ou
indirectamente, o agravamento deste silencioso e tranquilo holocausto – voltam
a subir a electricidade, o gás e, por arrastamento, todos os bens e serviços
que destas energias dependem. Assim, simplesmente: aumenta-se tudo, como se da
coisa mais simples e inofensiva se tratasse.
Passos, Gaspar, Borges e todos os bufões de serviço aos
Investidores desempenham o seu sinistro papel. E enquanto as vítimas se calarem
– e muitas delas até aplaudirem – o holocausto continua.
(João Carlos Pereira)
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio
Baía em 20/06/2012.
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