segunda-feira, 4 de junho de 2012

UM ENORME ZERO


Diga o Gaspar o que disser, a despesa do Estado está a subir e a receita a diminuir a olhos vistos. Como se vê, as grandes medidas de salvação nacional estão a dar os resultados pretendidos. Todos os dias pioramos, daí que, todos os dias, o governo tenha argumentos para impor mais sacrifícios. Digam-me lá se estas cabecinhas pensadoras não percebem da poda. Claro que nem tudo é cientificamente programado e executado, daí que escapem certas coisas a alguns aprendizes de feiticeiros, como ao superdotado e infalível Gaspar e ao seu comparsa, Passos, que, por serem mais papistas que a Troika, acabam por turrar na própria sofreguidão.

De facto, a queda do PIB previsto para este ano é já o dobro da anunciada aquando da assinatura do pacto – e as projecções dizem que a coisa vai piorar.  Tal como o impagável ministro Pinho tinha decretado, aqui há anos, o fim da crise, ainda antes de ela ter chegado, também Gaspar e Passos falam de uma retoma que, para mal dos nossos pecados, é desmentida, mês após mês, pela situação do país e por uma economia em queda livre.

Assim, três meses após a aprovação do OGE, já foi apresentado na AR um orçamento rectificativo, o qual, por sua vez, assenta em pressupostos já totalmente ultrapassados, o que o Boletim da Primavera emitido pelo Banco de Portugal claramente confirma. O rapaz das finanças, com o seu discurso lúgubre, e o rapaz de Massamá, com o seu discurso completamente desfocado da vida – cujas agruras ele só sabe de ouvir contar – lá vão encabeçando, entre mentiras e fantasias, o cortejo fúnebre que nos levará do caixão à cova.

O que está em grande, próspero, robusto e à prova de bala, é o processo de transferência do nosso dinheiro para os bolsos dos grandes empresários. Quase 14 mil milhões de euros foram adjudicados por entidades públicas, por ajuste directo, nos últimos 4 anos. É um valor impressionante, que ultrapassa em muito os valores das obras ou fornecimentos adjudicados através de concurso.

As empresas públicas, geridas por boys do PS e do PSD (Refer, Estradas de Portugal e EDP-Distribuição, tendo à cabeça a Parque Escolar) realizaram mais de 1.200 adjudicações, num total de 1.800 milhões de euros, através deste método expedito de delapidação das finanças públicas. O que fez o governo para estancar esta hemorragia? Zero! O que fez o governo para eliminar as centenas e centenas de Institutos e Fundações onde parasitam milhares de amigos, parentes e produtos derivados? Zero! O que fez o governo para acabar com as famigeradas Parcerias Público-Privadas? Zero!

Ou melhor: o que fez o governo para salvar o país, para além de o estar a transformar num campo de esfomeados?

ZERO!  


Crónica lida nas “Provocações” da Rádio Baía em 02/05/2012.

Sem comentários: