Diga o Gaspar o que disser, a despesa do Estado está a
subir e a receita a diminuir a olhos vistos. Como se vê, as grandes medidas de
salvação nacional estão a dar os resultados pretendidos. Todos os dias
pioramos, daí que, todos os dias, o governo tenha argumentos para impor mais
sacrifícios. Digam-me lá se estas cabecinhas pensadoras não percebem da poda.
Claro que nem tudo é cientificamente programado e executado, daí que escapem
certas coisas a alguns aprendizes de feiticeiros, como ao superdotado e
infalível Gaspar e ao seu comparsa, Passos, que, por serem mais papistas que a
Troika, acabam por turrar na própria sofreguidão.
De facto, a queda do PIB previsto para este ano é já o
dobro da anunciada aquando da assinatura do pacto – e as projecções dizem que a
coisa vai piorar. Tal como o
impagável ministro Pinho tinha decretado, aqui há anos, o fim da crise, ainda
antes de ela ter chegado, também Gaspar e Passos falam de uma retoma que, para
mal dos nossos pecados, é desmentida, mês após mês, pela situação do país e por
uma economia em queda livre.
Assim, três meses após a aprovação do OGE, já foi
apresentado na AR um orçamento rectificativo, o qual, por sua vez, assenta em
pressupostos já totalmente ultrapassados, o que o Boletim da Primavera emitido pelo Banco de Portugal
claramente confirma. O rapaz das finanças, com o seu discurso lúgubre, e o
rapaz de Massamá, com o seu discurso completamente desfocado da vida – cujas
agruras ele só sabe de ouvir contar – lá vão encabeçando, entre mentiras e
fantasias, o cortejo fúnebre que nos levará do caixão à cova.
O que está em grande, próspero, robusto e à prova de
bala, é o processo de transferência do nosso dinheiro para os bolsos dos
grandes empresários. Quase 14 mil
milhões de euros foram adjudicados por entidades públicas, por ajuste directo,
nos últimos 4 anos. É um valor impressionante, que ultrapassa em muito os
valores das obras ou fornecimentos adjudicados através de concurso.
As empresas públicas, geridas por boys do PS e do PSD (Refer, Estradas de
Portugal e EDP-Distribuição, tendo à cabeça a Parque Escolar) realizaram mais
de 1.200 adjudicações, num total de 1.800 milhões de euros, através deste
método expedito de delapidação das finanças públicas. O que fez o governo para
estancar esta hemorragia? Zero! O que fez o
governo para eliminar as centenas e centenas de Institutos e Fundações onde
parasitam milhares de amigos, parentes e produtos derivados? Zero! O que fez o
governo para acabar com as famigeradas Parcerias Público-Privadas? Zero!
Ou melhor: o que fez o governo para salvar o país, para
além de o estar a transformar num campo de esfomeados?
ZERO!
Crónica lida nas “Provocações” da Rádio
Baía em 02/05/2012.
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